Expedição
científica, comandada pelo visconde de Langsdorff, patrocinada pelo governo
russo, com destino a Cuiabá e a Amazônia, completa em 3 de dezembro de 1826,
seu trajeto pelo agitado rio Coxim:
Logo depois de levantar o pouso, passamos à esquerda pela embocadura do rio Taquari-mirim e pouco adiante entramos no Taquari que aí tem 200 braças de largura. A maior parte do dia foi consumido em vencer a cachoeira Beliago, cuja extensão de meio quarto de légua é semeada de ilhas e rochas à flor ou acima d’água, que, se não produzem quedas, originam fortes correntezas e ondas agitadas, cuja violência as canoas vazias têm que suportar.
Agarramos uma arraia.
Pelas 2 horas da tarde, seguimos viagem, passando ainda por entre diversas ilhas. Ao pôr do sol, os camaradas, para festejarem a transposição da cachoeira Beliago, última até Cuiabá, deram descargas de fuzilaria, gritaram a valer e cantaram até alta noite. Daí por diante, com efeito, a navegação faz-se em rios de curso tranqüilo, sem perigos de corredeiras nem obstáculos que obriguem a descarregar as canoas e por conseguinte a transportar cargas às costas por distâncias não pequenas. Aí, pois, findam os labores mais penosos.
FONTE: Hercules Florence, Viagem Fluvial
do Tietê ao Amazônia, de 1825 a 1829, Edições Melhoramentos, São
Paulo, 1941, página 57.
FOTO: cachoeira do Beliago, de Hércules Florence.