sábado, 3 de fevereiro de 2018

Governo paraguaio expõe orelhas de brasileiros





Ocorrida em 3 de janeiro de 1865, as primeiras notícias da invasão de Corumbá, com algum grau de credibilidade, passaram a circular pela imprensa brasileira somente a partir do final de janeiro de 1865. Os jornais do Brasil, valendo-se de conexão com a imprensa argentina, passaram a circular com as notícias da guerra em território sul-matogrossense. Numa dessas notícias, o Diário do Rio de Janeiro, de 4 de fevereiro de 1865, com informação de La Nacion, da Argentina, sintetizou a ação do exército paraguaio depois de apoderar-se da vila de Corumbá, entremeando no artigo a macabra informação de uma exposição de orelhas humanas:

A invasão de Corumbá foi uma série de feitos escandalosos. O comandante, nomeado para esse ponto, ordenou o saque aos soldados. Todas as casas foram abertas à força bruta, e tudo quanto nelas existia foi conduzido para o quartel, onde em em presença do dito chefe, repartiu-se uma parte pela tropa e oficiais e outra parte foi transportada para um navio com destino a Assunção.

Nesta fúria nem os próprios estrangeiros escaparam. As bandeiras das diversas nações não protegiam a ninguém. A velhice e a moléstia não eram obstáculo. As casas pertencentes a brasileiros foram marcadas com um B, depois da saqueadas.

A escuna Jacobina, de nacionalidade argentina, e propriedade do italiano Santiago de Lucchi, estando carregada com 2.000 couros secos, foram estes lançados ao rio e o navio declarado prisioneiro; por muito favor deram liberdade a tripulação, exceto a quatro homens de cujo destino não se sabe.

No dia 10 foi queimada toda a madeira que existia para construção da alfândega; todo o gado encontrado nas imediações foi destruído.

Em Corumbá ficaram apenas 66 estrangeiros e algumas pobres mulheres. 

A cidade está ocupada por um batalhão de 1.000 homens sob o comando do capitão Goristiaga. Os vândalos tinham intenção de atacar Vila Maria e Cuiabá.

O Iporã chegou a Assunção no dia 14. Este vapor sofrera muitas avarias no ataque do Anhambay. A tripulação ao desembarcar na capital paraguaia repartia grande quantidade de gêneros, roupa e outros objetos, produtos de seus roubos em Corumbá. O próprio comandante, Andrés Herreros, arranjou não pequena fortuna.

Enfim, para cúmulo de selvageria, esteve exposta a bordo daquele navio uma conta, em que se achavam presas as orelhas dos infelizes tripulantes do Anhambay. 

Com a notícia destes triunfos, houve em Assunção grandes festas populares e bailes.

Os estrangeiros em Corumbá enviaram uma representação ao sr. Barbolani, ministro italiano em Montevideo, pedindo a sua proteção.


FONTE: Diário do Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1865.
IMAGEM: bog do Assis Oliveira

Guerra do Paraguai: Lopes abandona Assunção




Chegam à capital da província pelas canhoneiras Felipe Camarão e Fernandes Vieira, em 3 de fevereiro de 1869, informações de que o ditador Solano Lopes internara-se nas cordilheiras, fugindo do avanço das tropas brasileiras, comandadas pelo conde d'Eu. A boa nova foi festejada pela população, conforme nota do jornal A Situação: “Às 3 horas achavam-se duas mil e tantas pessoas reunidas no cais do Arsenal da Marinha e barranca do rio. Seis bandas de música tocaram variadas peças, enquanto os nossos vasos – Antônio João, Corumbá e Jauru – preparavam-se para sair ao encontro dos dois navios. Por toda parte atiravam rojões”.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973. Página 78.

Força brasileira deixa Uberaba

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