terça-feira, 14 de novembro de 2017

Rondon na proclamação da República



Positivista convicto e ativista do movimento contra a Monarquia, o alferes matogrossense Cândido Mariano da Silva Rondon, participa no Rio em 15 de novembro de 1889, da proclamação da República, cujo papel histórico ele relata em seu diário:

Estava cheio o quartel. Chegamos na ocasião em que era arrombada a Arrecadação. Pedi logo um dos revólveres nagan que estavam sendo distribuídos – arma que conservo, com a que me ofereceu Roosevelt, verdadeiras peças de museu.

Benjamim Constant chegou às 2 da madrugada. Conferenciavam os oficiais, entre os quais o Cel. Sólon. Ficou resolvido que se indagasse se a Marinha permitiria a saída da ‘Brigada Estratégica’ e foi, nesse sentido, redigido um ofício ao Alte. Wandenkolk.

Escolheu Benjamin Constant para portadores de tão importante mensagem os dois discípulos em quem mais confiava – os discípulos amados – Fragoso e eu. Seríamos a ligação entre a ‘Brigada Estratégica’ rebelada e os oficiais revoltados da Armada.

As 4 horas partimos em cavalos escolhidos para uma galopada de São Cristóvão ao Clube, no largo do Rossio.

O tropel dos cavalos cortava o silêncio da madrugada, mas prosseguíamos sem obstáculos. Cauteloso, propus, aos sairmos da rua Gen. Pedra para defrontar o Quartel General, que nos mantivéssemos cosidos com a grade do jardim, para não sermos percebidos.

Estava o Quartel General todo iluminado, como que para advertir que o governo vigiava.

Continuamos a cautelosa marcha, quase que sopitando o pisar dos cavalos, para que não ressoasse na calçada, até desembocar na Câmara Municipal.
Ao fazer a curva para ganhar a rua da Constituição o meu cavalo prancheou – mas o vaqueiro mimoseano galopava firme na rédea e o animal que rodara, conseguiu firmar-se.

Seguíamos insensíveis a tudo o que não fosse o pensamento de chegar o mais depressa possível ao largo do Rossio, ao Clube Naval e, quando apeamos estavam nossos cavalos brancos de espuma.

Levávamos a senha. Batemos, uma portinha que nos fora indicada, três pancadas espaçadas. Depois de alguns minutos percebemos que alguém descia. Ouvimos, de dentro, as palavras da senha a que respondemos, repetindo por três vezes a contra-senha, segundo as instruções recebidas. Abriu-se então uma fenda na portinha, por onde introduzimos o ofício. Daí a pouco voltou quem recebera de nós o documento e, repetidas as mesmas formalidades, foi-nos entregue pela fenda o ofício resposta.

O tempo de montar de novo e lá partimos para o convento de Sto. Antonio, onde estava aquartelado o 7º Batalhão de Infantaria, a fim de informar a situação o cap. Ferraz. Já encontramos todos a postos. Depois de lhe falar e de lhe transmitir a mensagem de que éramos portadores, tocamos para São Cristóvão a galope, sem acidente.

O dia despertava. Súbito, tingiu-se o oriente sob uma chuva de ouro, pálida a princípio e depois cada vez mais rubra... e sobre essa cortina surgiria em breve o sol a iluminar um novo dia, a iluminar pela primeira vez a República brasileira.



FONTEEsther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 53.

Fronteiras depois da guerra




Coronel Eneas Galvão, o visconde de Maracaju

Em ofício enviado aos seus superiores, em 14 de novembro de 1874, o coronel de engenheiros Rufino Enéas Gustavo Galvão, representante brasileiro na comissão binacional de demarcação, comunica a conclusão da obra de delimitação da fronteira Brasil-Paraguai:

É com a maior satisfação, comunico ao ministro dos Estrangeiros, que apresento à V. Exa. o exemplar desta ata (a derradeira) e o daquela carta (geral), pertencentes ao Brasil, por comprovarem tão importantes documentos que ficou completamente concluída a demarcação de nossa fronteira com esta República, único trabalho deste gênero realizado até o presente sem interrupção e no curto espaço de vinte e seis meses. A extensão de 190 léguas da fronteira demarcada, está pouco conhecida, 80 de picadas abertas nas serras de Amambaí e Maracaju e nas cabeceiras do Apa para deslindar a questão de Estrela; a custosa navegação daquele rio e a do Alto Paraná, com os riscos que apresenta acima da foz do Iguaçu, podem dar uma ideia da perseverança da comissão e dos trabalhos com que lutou para efetuar esta demarcação.



FONTE: Virgílio Correa Filho, História de Mato Grosso, Fundação Júlio Campos, Várzea Grande, 1994, página 575

Força brasileira deixa Uberaba

4 de setembro de 1865 Para dar combate ao Paraguai, cujas forças em dezembro de 1864 invadiram o Sul de Mato Grosso, paulistas e min...