quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Adrien Taunay morre afogado no rio Guaporé


Auto retrato de Adrien e gravura de uma moita de buritis, vegetação típica do cerrado matogrossense, de sua autoria.


Desenhista francês, componente da comissão Langsdorff, que à época explorou Mato Grosso e Amazônia, tentou atravessar o rio Guaporé a nado e morreu afogado, em 5 de janeiro de 1828. Taunay, em mais de 150 desenhos e pinturas, durante a viagem, retratou toda a região, incluindo o cerrado, os bichos e as pessoas de Mato Grosso.

Sobre ele e a tragédia de sua última aventura, depõe o pesquisador Carlos Alberto de Moura:


Adrien, nascido na França em 1803, era filho do pintor Nicolau Antonio Taunay, que veio com a família para o Rio de Janeiro em 1811, como membro da Missão Artística Francesa.


Espírito aventureiro, Adrien, com apenas 16 anos, em 1818, engajou-se como desenhista na Expedição de Freycinet, que na fragata Urânia empreendia uma viagem de circunavegação. Esteve nas ilhas da Oceania e no naufrágio da Urânia nas ilhas Malvinas em fevereiro de 1820. Quatro meses depois os náufragos foram resgatados, e em junho Adrien estava de volta ao Rio de Janeiro.

Seguiu com a Expedição Langsdorff pela rota das monções, desenhando paisagens, animais e plantas.

Prosseguiu nos seus trabalhos em Cuiabá e na Chapada dos Guimarães. Em agosto de 1827, Adrien partiu com Riedel para o Diamantino, enquanto Hércules Florence e Rubtsov seguiram para Vila Bela. Dali deveriam seguir pelos rios Guaporé, Mamoré e Madeira até o Amazonas.

O outro grupo, formado por Langsdorff, Florence e Rubtsov seguiu para o Diamantino de onde desceria pelos rios Arinos, Juruena e Tapajós.

O ponto de encontro para os dois grupos seria a Barra do rio Negro, no Alto Amazonas.

A 18 de dezembro de 1827 Adrien e Riedel chegaram a Vila Bela. Ali deveriam ficar três ou quatro meses. A 30 de dezembro partiram para Casalvasco, situado a uns 80 quilômetros, próximo à fronteira com a Bolívia. Depois visitaram São Luis e Salinas e voltaram a Casalvasco.


Dali partiram de volta a Vila Bela. Mas Adrien Taunay, impaciente com a lenta marcha da comitiva, resolveu adiantar-se e perdeu-se em meio a grande temporal.


Conseguindo finalmente chegar à margem do Guaporé, atirou-se afoitamente às águas, confiando na sua perícia de nadador, e pereceu tragicamente no dia 5 de janeiro de 1828.


Adrien foi sepultado na igreja de Santo Antonio, junto ao porto de Vila Bela.



FONTE: Carlos Francisco de Moura, A Expedição Langsdorff em Mato Grosso, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 1984, página 21.

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