Em 29 de dezembro de 1864, enquanto Martin Urbieta
tomava a colônia de Dourados do tenente Antonio João,o comandante Francisco
Resquin, à frente de coluna de combatentes de cavalaria e infantaria, ocupou a
colônia de Miranda, pequena guarnição militar,
localizada às margens do rio Miranda, nas proximidades da sede da fazenda
Jardim, distante 80 quilômetros de Nioaque.
Em ofício dirigido ao seu superior em Assunção, o
comandante da expedição paraguaia, descreve sua ação na vila, durante a
ocupação do termo, abandonado pela população e a guarnição do exército
brasileiro:
Senhor Ministro:
Ontem ao por do sol, apenas atravessei o rio que
chamam de Miranda, me apoderei da colônia sem encontrar nenhuma resistência,
destinei 150 infantes ao mando do tenente Narcizo Rios e precedente ultimato de
rendição, a população e tropa com o comandante fugiram para um monte contíguo,
deixando abandonadas as casas, de maneira que até agora não temos ninguém, além
de uma negra velha e uma senhora chamada Francisca Correa de Oliveira, que ao
amanhecer de hoje foram encontradas no monte pelos monteadores que lhes
mandaram dispersar por todas as direções, igualmente que aos cinco guardam que
devem conter os fugitivos.
Sinto que escape talvez toda a tropa que guarnecia
a população, mas de outro modo não poderia haver procedido,contando que esta
gente havia estado apercebida para um caso semelhante de nossa parte, segundo o
que relaciona dona Francisca, que há cerca de dois meses o comandante desta
população havia recebido ordem do governo da província, como precaução de que a
República do Paraguai poderia mover-se sobre estes territórios, encontrando-se
em estado de completa quebra de relações com o Império, fazer o despovoamento
da colônia e enviar aos departamentos acima as famílias, assim como a Miranda o
que pertencer à guarnição, ficando com a gente de seu mando cuidar o ponto que
devem abandonar tão logo que se saiba que o Paraguai marchava para estas
fronteiras; e que assim algumas famílias e vários haveres haviam sido
despachados em carretas, cuja prevenção também demonstra o fosso com três
cordas da comprimento, duas varas de largura e vara e meia de profundidade,
aberto em frente da povoação, como para defender os caminhos dos dois passos do
rio.
Da adjunta relação que é tomada de Francisca Correa
de Oliveira, que segundo lhe disse a mulher de um dos militares desta colônia,
se informará V.E. das averiguações que tenho tomado sobre pontos que me carcam
as instruções.
Anexo apresento à V.E. o inventário do pouco
armamento e munições encontrados em um dos ranchos da colônia e que deixados a
cargo do subtenente Albarenga, que logo apresentará à V.E. a matrícula e
haveres dos colonos com qualquer outro conhecimento que chegue a saber.
Também incluo à V.E. vários papéis de partes do
comandante da colônia de Dourados e as comunicações tomadas de um chasque,
pelas quais se vê que há mais de dois meses estão prevenidos para a fuga,
oficialmente ordenada no caso que alguma parte de nossas forças apareça por
aqui.
A tropa marcha com felicidade e demonstra o melhor
ânimo para as próximas operações.
Deus guarde a V.E. muitos anos.
Guarda da colônia de Miranda, 30 de dezembro de
1864.
FRANCISCO RESQUIN
FONTE: ¹El Semanário (PY), Assunção, 7 de janeiro de
1865.