quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
Goiás quer anexar Paranaiba e Coxim
Em longo ofício enviado ao marquês de Olinda, ministro do império, em 8 de fevereiro de 1863, o presidente da província de Goiás reclama da "invasão" de Mato Grosso ao seu território. Argumentando com um acordo firmado em 1771 entre os governadores das duas províncias, José Vieira Couto Magalhães (foto) defende o que denomina de limites originais entre as duas províncias e reclama a posse de Coxim e Santana do Paranaiba. Ironicamente, Couto Magalhães seria nomeado para o governo de Mato Grosso, no ano seguinte, vindo a permanecer na chefia do executivo estadual durante a guerra do Paraguai e, naturalmente, abandonado a ideia de anexar parte do território de Mato Grosso ao vizinho, sem deixar, entretanto, de alimentar o sonho goiano de apoderar-se de significativa parcela leste da província, que durou até recentemente e rendeu uma batalha jurídica que se arrastou por mais de um século.
A seguir, íntegra do longo ofício da Couto Magalhães ao ministro do Império:
FONTE: Presidente José Vieira Couto de Magalhães, Relatório apresentado à Assembleia Legislativa de Goiás, 1° de junho de 1863.
FOTO: presidente Couto Magalhães. Acervo Prefeitura Municipal de Várzea Grande (MT).
Taunay:última carta de Nioaque
![]() |
Rio Nioaque, "boas condições de salubridade" |
Meu caro Papai,
Esta carta lhe chegará, por ordem da data a que lhe terá entregue o bom Dr. Miranda, este excelente amigo que nestes desertos nos deixou inconsoláveis.
Tive como sabe o desprazer de não poder por seu intermédio enviar-lhe nem uma carta nem um abraço que lhe transmitisse todos os meus sentimentos da respeitosa amizade e as profundas saudades de casa.
Mauá lhe falará das boas condições da salubridade que oferecia este lugar. O acampamento como acabo de dizê-lo em relatório enviado pelo Comandante das forças apresenta garantias de segurança se a vigilância realizar com eficácia.
Apoiam-se os nossos flancos sobre os dois rios Orumbeva e Nioac e as avenidas pelas quais pode o inimigo avançar vem cortar a frente.
Duas boas linhas de retirada, além disto, partem deste lugar e conduzem a lugares capazes de permitir ativa defesa.
Coloquei guardas avançadas em encruzilhadas em caminhos que vão ter ao Apa e à Vacaria (veja o mapa que lhe mandei) estradas muito frequentadas pelos paraguaios durante a ocupação do distrito.
V. me perdoará os garranchos; escrevo sobre os joelhos em casa do bom amigo Lago.
Adeus papai, uma lembrança do seu filho respeitoso.
Alfredo.
FONTE: Taunay, Mensário do Jornal do Commercio, Tomo XXI - volume II, Rio, 1943, página 348
domingo, 4 de fevereiro de 2018
Filinto veta entrada de judeus ao Brasil
Justificando-se em eventual aversão do judeu para as atividades agrícolas, únicas abertas à imigração, o matogrossense Filinto Muller, chefe de polícia do Rio de Janeiro, no governo Vargas, recomendava em relatório de 5 de fevereiro de 1938, ao Ministro Francisco Campos, da Justiça e Negócios Interiores, a manutenção das restrições à entrada de judeus no Brasil. O memorial apontava três razões para vetar a entrada de judeus alemães, perseguidos pelo nazismo:
1) por não se dedicarem à agricultura, contrariando a política tradicional do Departamento Nacional de Povoamento que tem por objetivo fomentar a corrente migratória para o campo;
2) por se dedicarem às atividades comerciais de baixa classe, desorganizando todo o comércio nacional nas cidades do interior do país; e
3) no tocante às suas ideias políticas.
Filinto foi acusado de haver entregue a militante comunista Olga Benário, mulher de Luiz Carlos Prestes ao governo nazista de Adolf Hitler.
FONTE: Maria Luiza Tucci Carneiro, O anti-semitismo na era Vargas, Editora Brasiliense, São Paulo, 1988, página 338.
sábado, 3 de fevereiro de 2018
Governo paraguaio expõe orelhas de brasileiros
Ocorrida
em 3 de janeiro de 1865, as primeiras notícias da invasão de Corumbá, com algum
grau de credibilidade, passaram a circular pela imprensa brasileira somente a
partir do final de janeiro de 1865. Os jornais do Brasil, valendo-se de conexão
com a imprensa argentina, passaram a circular com as notícias da guerra em
território sul-matogrossense. Numa dessas notícias, o Diário do Rio de Janeiro,
de 4 de fevereiro de 1865, com informação de La Nacion, da
Argentina, sintetizou a ação do exército paraguaio depois de apoderar-se da
vila de Corumbá, entremeando no artigo a macabra informação de uma exposição de orelhas
humanas:
A invasão de Corumbá foi uma série de feitos escandalosos. O comandante, nomeado para esse ponto, ordenou o saque aos soldados. Todas as casas foram abertas à força bruta, e tudo quanto nelas existia foi conduzido para o quartel, onde em em presença do dito chefe, repartiu-se uma parte pela tropa e oficiais e outra parte foi transportada para um navio com destino a Assunção.
Nesta fúria nem os próprios estrangeiros escaparam. As bandeiras das diversas nações não protegiam a ninguém. A velhice e a moléstia não eram obstáculo. As casas pertencentes a brasileiros foram marcadas com um B, depois da saqueadas.
A escuna Jacobina, de nacionalidade argentina, e propriedade do italiano Santiago de Lucchi, estando carregada com 2.000 couros secos, foram estes lançados ao rio e o navio declarado prisioneiro; por muito favor deram liberdade a tripulação, exceto a quatro homens de cujo destino não se sabe.
No dia 10 foi queimada toda a madeira que existia para construção da alfândega; todo o gado encontrado nas imediações foi destruído.
Em Corumbá ficaram apenas 66 estrangeiros e algumas pobres mulheres.
A cidade está ocupada por um batalhão de 1.000 homens sob o comando do capitão Goristiaga. Os vândalos tinham intenção de atacar Vila Maria e Cuiabá.
O Iporã chegou a Assunção no dia 14. Este vapor sofrera muitas avarias no ataque do Anhambay. A tripulação ao desembarcar na capital paraguaia repartia grande quantidade de gêneros, roupa e outros objetos, produtos de seus roubos em Corumbá. O próprio comandante, Andrés Herreros, arranjou não pequena fortuna.
Enfim, para cúmulo de selvageria, esteve exposta a bordo daquele navio uma conta, em que se achavam presas as orelhas dos infelizes tripulantes do Anhambay.
Com a notícia destes triunfos, houve em Assunção grandes festas populares e bailes.
Os estrangeiros em Corumbá enviaram uma representação ao sr. Barbolani, ministro italiano em Montevideo, pedindo a sua proteção.
FONTE: Diário do Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1865.
IMAGEM: bog do Assis Oliveira
Assinar:
Postagens (Atom)
Força brasileira deixa Uberaba
4 de setembro de 1865 Para dar combate ao Paraguai, cujas forças em dezembro de 1864 invadiram o Sul de Mato Grosso, paulistas e min...

-
Monumento a Pascoal Moreira Cabral em Cuiabá É oficialmente fundada em 8 de abril de 1719 a cidade de Cuiabá, atual capital do estad...
-
Usina Conceição, no início do século XX A polícia do coronel Totó Paes, que aliado aos irmãos Murtinho, expulsou o senador Generos...
-
Aeronave da empresa Condor cai por falta de combustível no trajeto entre Cuiabá e Corumbá, em 25 de fevereiro de 1934. É o segundo aciden...