sábado, 2 de março de 2019

Rondon convidado para criar serviço de proteção ao índio



Em carta de 2 de março de 1910, assinada pelo ministro Rodolfo Miranda, de Agricultura, Indústria e Comércio, do governo de Nilo Peçanha, Rondon é oficialmente convidado para a direção do recém-criado Serviço de Proteção aos Índios:

Exmo. Sr. Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon:


Visa a presente carta revestir de cunho oficial o convite que, pessoalmente, vos dirigi em nome da causa de nossos silvícolas.


A espontaneidade da escolha de vosso nome para fomentar e dirigir a catequese que o Governo da República deliberou empreender é a consagração formal da conduta humanitária, generosa, que tanto vos recomendou à confiança do indígena, na longa e heróica jornada que realizastes em zonas até então vedadas aos mais audaciosos exploradores.


Quem, denodadamente e com rara abnegação, sacrificou a sua quietude, a calma do lar, a sua própria vida, por bem servir à nação; quem pode fazer do indígena a plenitude do seu domínio no seio das florestas, defendido dos artifícios da civilização pelas asperezas da vida inculta - um amigo, um guia cuidadoso, reúne, sem dúvida, os requisitos de bondade, de altruísmo que devem caracterizar a campanha que há de redimir do abandono os nossos silvícolas e integrá-los na posse de seus direitos.


Não cabe ao Governo insistir em práticas seculares que falharam aos seus ideais, revelando-se, no longo decurso do seu predomínio, baldas de prestígio para deter a corrente da raça varonil que votava à escravidão e ao extermínio. Cumpre-lhe, ao contrário, constituir, em bases novas, a catequese, imprimir-lhe a feição republicana, fora do privilégio de castas, sem preocupação de proselitismo religioso, constituindo serviço especial centralizado na Capital, com irradiação pelos Estados onde se torne necessária a ação que é chamado a exercer, pacientemente e sem intermissão de esforços.


A direção superior desse serviço vos será confiada, se aquiescerdes à consulta que ora vos faço, antes das formalidades oficiais de requisição ao Ministério a quem pertenceis, e tenho bem radicada em meu espírito a confiança de que será satisfeita a aspiração comum, mediante o influxo de vossa cultura científica, de vossa capacidade moral, de vossa fé republicana e da energia de vontade que vos faz o primeiro dentre os exporadores do território brasileiro. 


Em carta de 14 de março seguinte ao ministro Rodolfo de Miranda, o coronel Rondon aceita o convite e apresenta uma série de medidas que deveria tomar para cumprir a missão.


FONTEEsther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1968, página 338.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Morre o governador de Mato Grosso






Falece em Vila Bela em 29 de fevereiro de 1798, o quinto governador e capitão-general da capitania de Mato Grosso, João de Albuquerque Pereira e Cáceres, irmão e sucessor de Luiz Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.

Nomeado por carta régia de 17 de outubro de 1788, assumiu a administração a 20 de novembro do ano seguinte. Muito moço para um cargo de tanta responsabilidade, a nomeação de João de Albuquerque originou-se principalmente do fato seguinte:

Tendo Luiz de Albuquerque reclamado por vezes a sua substituição e compreendido por fim que o governo da metrópole, se diretamente não lhe negava, também não lhe permitia o regresso, pois a tanto valia a nomeação de substituto e a recomendação expressa para aguardar a vinda deste, o que jamais se efetivava, resolveu ao cabo de dezesseis anos indicar o nome do próprio irmão para o governo da capitania.

Ao regressar para Lisboa, entregava ao seu substituto instruções completas sobre o estado da capitania, traçando-lhe a conduta e a maneira de se orientar no governo.

E tais instruções foram o guia eficaz de João de Albuquerque, que se não possuia a envergadura do irmão, tinha, no entanto, o bom senso deste.

Por motivo de seu falecimento, assumiu o governo da capitania uma junta composta do ouvidor Antonio da Silva Amaral, tenente-coronel Ricardo de Almeida Serra e o vereador Marcelino Rodrigues.


FONTE: Estevâo de Mendonça, Datas Matogrossenses,(2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 111.

de Lamare assume o governo de Mato Grosso





Assume a presidência da província de Mato Grosso em 28 de fevereiro de 1858, o chefe de divisão Joaquim Raimundo de Lamare, nomeado por carta imperial de 5 de setembro do ano anterior. Sobre ele e sua passagem pelo governo de Mato Grosso depõe o historiador:

Oficial de marinha distinto, com muita fé de ofício que vinha abrilhantando desde as lutas da independência, ao lado de Lord Cockrane a bordo da nau Pedro I, que comandava, ocupou depois posição de destaque no país, tendo sido o ministro da Marinha no gabinete Marques de Olinda, em 1852.

Em Mato Grosso governou com tino e moderação, conseguindo amortecer as rivalidades oriundas do espírito partidário. Promoveu o povoamento de Albuquerque, hoje Corumbá, mandando dividir e demarcar a área destinada à cidade e fazendo edificar ali os primeiros edifícios públicos. Em homenagem à sua memória, a respectiva câmara municipal deu o nome de - Rua de Lamare - à principal artéria da cidade.

Governou até 13 de outubro de 1859 data em que passou a administração ao tenente-coronel Antonio Pedro de Alencastro, e por falecimento do visconde do Rio Branco é escolhido para substituir no Senado aquele estadista, como representante de Mato Grosso.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Casa Civil de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 110.
FOTO: Reprodução do livro O Forte de Coimbra, de Carlos Francisco Moura.



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Sociedade abolicionista em Cuiabá





Com a denominação de Galdino Pimentel, é fundada em Cuiabá, em 20 de fevereiro de 1886, entidade destinada a lutar pela abolição da escravatura. A primeira diretoria da sociedade ficou assim constituída: presidente - advogado Antonio de Paula Correa; vice-presidente - Henrique Augusto de Santana; 1° secretário - Vital Batista de Araújo; 2° secretário - capitão Miranda de Carvalho; e tesoureiro -Francisco Correa da Costa Sobrinho.

A ideia da entidade surgiu de uma comissão composta do capitão Antonio Raimundo Miranda de Carvalho, 1° tenente Carlos Augusto Peixoto de Alencar e o advogado Francisco Agostinho Ribeiro.

A denominação deu-se em homenagem ao presidente da província à época, Joaquim Galdino Pimentel.

FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, Casa Civil do Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 100. 

FOTO: Igreja do Rosário e São Benedito, em Cuiabá.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

O nascimento de Luiz D'Alincourt






Nasce em 17 de fevereiro de 1787 em Oeiras, Portugal, Luiz D'Alincourt. Seguiu a carreira das armas. Assentou praça na Brigada Real, em 1799, daí se transferiu para o Regimento de Artilharia de Lisboa e deste para o Rio de Janeiro em 1809, onde fez o curso da antiga Academia Militar.

Capitão-engenheiro, em Mato Grosso exerceu importantes funções, entre elas o de membro da Junta Governativa Provisória de Cuiabá, no período da independência e comandante do Forte de Coimbra. Entre seus trabalhos, estão os mais minuciosos levantamentos dos fortes Bourbon e Coimbra; reflexões acerca da província de Mato Grosso; e notícias sobre a região meridional da província de Mato Grosso. 

Faleceu no Espírito Santo em 1841.



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo do Estado, Cuiabá, 1963, página 95.

FOTO: capa de livro de D'Alincourt 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Azambuja deixa o governo do Estado



Quase 14 anos depois de assumir o governo da capitania de Mato Grosso, deixa Vila Bela e a administração da capitania, em 15 de fevereiro de 1775, o capitão-general d. Antonio Rolim de Moura Tavares, conde de Azambuja, o primeiro governador da nova unidade territorial, desmembrada de São Paulo em 1748. Sua principal obra foi a criação e implantação da primeira capital, Vila Bela da Santíssima Trindade, às margens do rio Guaporé, em pleno Mato Grosso amazônico, inaugurada em 19 de março de 1752.

"Contemporaneamente - constata Virgílio Correa Filho - achava-se Rolim de Moura mais empenhado em organizar eficaz resistência contra possível invasão do que por em ordem a escrituração de rendas minguadas".

Ocupado em garantir o território brasileiro que já ultrapassava os limites convencionais, pactuados com os espanhóis, estabelecidos à margem esquerda do rio Guaporé, onde o governo português, em sua política expansionista ocupava o reduto de Santa Rosa, tomado aos jesuítas espanhóis, Rolim de Moura dedicou praticamente todo o tempo de seu governo na tarefa bem sucedida de rechaçar o inimigo.

Foi substituído no governo por seu sobrinho João Pedro da Câmara. Ele, que chegou ao Mato Grosso pela rota das monções, ou seja Porto Feliz (SP), rio Paraná, rio Pardo, Camapuã, rios Coxim, Taquari, Paraguai, Cuiabá, apenas passando rapidamente pela vila de Cuiabá, fez o caminho de volta por terra, passando por Goiás. Permaneceu no Brasil, tornando-se Conde de Azambuja e 2º Vice Rei no Rio de Janeiro.

Rolim de Moura dá nome a uma cidade no Estado de Rondônia. 


FONTE: Virgílio Correa Filho, História de Mato Grosso, Instituto Nacional do Livro (MEC), Rio de Janeiro, 1969, página 307.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Leverger assume o governo da província




Acumulando as funções de comandante das Armas, assume a presidência da província de Mato Grosso, em 11 de fevereiro de 1851, em seu primeiro mandato, Augusto Leverger, o barão de Melgaço. A sua nomeação fora uma decisão do ministério do Marquês de Olinda, embora o nomeado fosse francês de nascimento. 

"A posse de Leverger - segundo Estevão de Mendonça - foi revestida da solenidades, principalmente pela presença de muitas senhoras, o que estava fora dos hábitos de então e a Câmara Municipal se fez representar pela quase totalidade dos seus membros. Dois únicos vereadores deixaram de comparecer, por motivo de moléstia":

Pelas 9 horas da manhã, presentes os vereadores Antonio de Cerqueira Caldas, padre Joaquim Antonio da Silva Rondon, Joaquim Antonio da Costa Guimarães, Teodoro José da Costa Roriz, Antonio Luis Brandão, Rômulo Pinto de Sousa, Luis Moreira Serra e José de Lara Pito, o presidente da câmara declara aberta a sessão e diz que "tendo recebido uma portaria do exmo. sr. Presidente João José da Costa Pimentel, comunicando achar-se exonerado do cargo de presidente desta província e de achar-se nomeado para o dito lugar o exmo. capitão de fragata Augusto Leverger, cuja portaria, datada de ontem, marcava hoje às 10 horas do dia, para esta câmara dar juramento e posse ao dito exmo. sr. Leverger, e sendo lida a portaria o sr. presidente nomeou para membros da comissão que tem de receber o mesmo exmo. sr. os vereadores padre Rondon, Santa Cruz e Roriz e suspendeu a sessão".

Dada a hora, continua a ata da sessão, "compareceram os exmos. srs. capitão de fragata Augusto Leverger, presidente nomeado e coronel João José da Costa Pimentel, presidente exonerado e tomando eles assento, passou o presidente exonerado a ler o relatório do estado da província e do ocorrido durante sua administração, e logo que acabou a leitura dobou-o e entregou-o nas mãos de seu sucessor. Lidas as cartas imperiais de nomeação e exoneração, o presidente da câmara apresentou ao exmo. sr. Augusto Leverger um missal sobre o qual pôs a mão direita e jurou aos Santos Evangelhos bem desempenhar as atribuições que lhe eram confiadas.

Leverger substituiu ao coronel João José da Costa Pimentel e governou até 1° de abril de 1857, data em que passou a administração ao vice-presidente Albano de Souza Osório. Viria a reassumir o governo por diversas vezes, perfazendo um total de "sete anos, oito meses e vinte e quatro dias, ligando o seu nome a importantes melhoramentos e deixando imperecíveis testemunhas de sua competência, zelo e honestidade".


FONTEEstevão de Mendonça, Datas matogrossenses, Casa Civil do Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 88.

Força brasileira deixa Uberaba

4 de setembro de 1865 Para dar combate ao Paraguai, cujas forças em dezembro de 1864 invadiram o Sul de Mato Grosso, paulistas e min...