domingo, 6 de maio de 2018

A retomada de Cuiabá


População cuiabana festeja vitória do comandante Generoso Ponce. Quadro de José Hidalgo



As tropas do batalhão patriótico Floriano Peixoto, sob o comando do coronel Generoso Ponce, após vários dias de combate nos arrebaldes, finalmente chegam ao centro de Cuiabá, com força total, em 7 de maio de 1892:

De ambas as partes saiam tiros. Em poucos minutos o contínuo fogo vivo, sem tréguas de parte a parte, deixava fora de combate grande número de vítimas.¹

Ficando apenas um batalhão inimigo que entregou-se somente dois dias depois, com a renúncia do coronel Luis Benedito, que ocupava a chefia do governo, Ponce, na condição de 1° vice-presidente, assume a chefia do governo.²


Era o termo de um movimento sedicioso iniciado a 22 de janeiro, na cidade de Corumbá, arquitetado por militares e políticos ligados ao general Antônio Maria Coelho e sustentado pelo coronel José Barbosa, comandante do distrito militar do Estado.


A deposição do presidente Murtinho, a 1° de fevereiro, substituído por uma junta e depois pelo vice-presidente Luis Benedito, eleito em um pleito anulado, provocou a reação do principal líder político do Estado, coronel Generoso Ponce que organizou a resistência em todo o Estado.


No Sul, esteve à frente da resistência, o intendente de Nioaque, coronel Jango Mascarenhas, que tomou os quartéis de Nioaque e Miranda, impedindo o deslocamento de reforços aos rebelados de Corumbá.


Ponce permaneceu à frente do governo somente até a chegada de Manoel Murtinho, que reassumiu e o Estado voltou à normalidade, garantida nos próximos 8 anos, até o rompimento da aliança Ponce-Murtinho.




FONTES: ¹Miguel A. Palermo, Nioaque, Evolução política e revolução de Mato Grosso, Tribunal de Justiça, Campo Grande, 1992, página 84; ²Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1972,página 64.

sábado, 5 de maio de 2018

O nascimento de Rondon





Filho de Cândido Mariano da Silva e Claudina Freitas Evangelista, nasce em Mimoso, em 5 de maio de 1865, Candido Mariano da Silva Rondon. Tendo ainda muito jovem ingressado à carreira militar, foi o maior sertanista brasileiro de todos os tempos, responsável pela ligação do Norte e Centro-Oeste ao litoral, via telégrafo e o mais consagrado indigenista de nossa história. Rondon é o patrono das comunicações brasileiras. 

“É minha ascendência materna indígena – índios terena e bororo. Com os guaná de quem descendia minha avó paterna, Maria Rosa Rondon, são três as tribos de que descendo.


Eram meus bisavós maternos, pais de minha avó materna, Constantino de Freitas, de origem portuguesa, e Maria de Freitas, mestiça terena, nascida em Miranda. Teve o casal muitos filhos, entre eles, Ana de Freitas Leite Queiroz (tia Aninha), que se casou com Antonio Caetano Leite e Maria Constança de Freitas, minha avó.


Os pais de meu avô materno eram José Lucas Evangelista, bandeirante, e Joaquim Gomes, de Jacobina, localidade do município de São Luis de Cáceres, mestiça de índios bororo da Campanha. Tiveram os seguintes filhos: Ana Silvéria, Tomásia, Maria Francisca, Maria Tomásia, Francisca, casada com Manuel de Sousa Neves, a quem eu chamava ‘dindinha’, porque, com meu avô, me criou até 7 anos e, finalmente, João Lucas Evangelista, meu avô.
Meus avós maternos, João Lucas Evangelista e Maria Constança de Freitas, casaram-se em Miranda. Foram os seguintes os filhos do casal: Joaquim Manuel, João, Miguel, Pedro, Francelino, Antônio, Bartolomeu, Antonia, Balbina, e Claudina, minha mãe.


Casaram-se meus pais, Cândido Mariano da Silva e Claudina Lucas Evangelista, no Mimoso".


Nome de rua em todas as cidades de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, de uma cidade em Mato Grosso (Rondonópolis) e outra no Paraná (Marechal Rondon), Rondon é o único brasileiro que denomina um Estado brasileiro: Rondonia.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 14.


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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Balanço negro! 7064 escravos em Mato Grosso




Em sua mensagem à Assembleia Legislativa provincial, 3 de maio de 1876, o presidente de Mato Grosso, Hermes da Fonseca, que na República chegou à Presidência da nação, após relatar os esforços do governo para indenizar proprietários de escravos que os libertarem, nos termos do decreto-lei 5135 de 13 de novembro de 1872, apresentou dados estatísticos mostrando uma população de 7.064 escravos no Estado de Mato Grosso. A maioria,mais de 5.000, está concentrada em Cuiabá. Nos municípios do Sul, há registro de escravos nos municípios de Corumbá (179), Miranda (178) e Paranaíba (102).

Na mensagem o governador dá conta de haver mandado a esses municípios, mais Poconé, Diamantino, São Luiz de Cáceres e Mato Grosso ao Norte, a quantia de pouco menos de 20 contos de réis para auxiliar na indenização para liberdade de negros escravos. Desse total, 3 contos de réis são da arrecadação de uma loteria extraída pelo governo, especialmente para esta finalidade.



FONTEMensagem do governo do Estado à Assembleia Legislativa provincial, Cuiabá, 1876, página 42.


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terça-feira, 1 de maio de 2018

Novo bispo de Cuiabá





Procedente do Maranhão chegou à capital de Mato Grosso em 2 de maio de 1879, para assumir a vaga deixada por dom José Antônio dos Reis, falecido em 1876, o bispo dom Luis. Estevão de Mendonça registrou o evento:

Às 10 horas da manhã uma salva de artilharia, dada no acampamento Couto Magalhães, anunciou a aproximação do paquete Coxipó, e poucos minutos depois se ouviam os repiques dos sinos de todas as igrejas da cidade.
Grande multidão, o presidente da província dr. João José Pedrosa, senhoras, colegiais, autoridades civis e militares seguiram para o porto de desembarque, onde já se encontrava a companhia de artífices do Arsenal de Guerra com a sua banda de música e um parque de artilharia. Em frente à igreja de São Gonçalo achava-se postado o 21o Batalhão de Infantaria.


(...) Cercado por imensa multidão, assim caminhou S.Exa. desde à margem do rio até a porta principal da igreja de São Gonçalo, onde recebeu da Força Militar ali postada, as continências devidas e ajoelhou-se em um coxim de damasco que estava sobre um tapete, descreveu A Província de Mato Grosso.

Dom Luis foi o primeiro bispo de Cuiabá a visitar o Sul do Estado, onde esteve em 1886 nos seguintes lugares: Corumbá, Miranda, Nioaque, Vacaria e Campo Grande. 




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973. Página 213.


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quinta-feira, 26 de abril de 2018

Garcia contra a divisão





O governador de Mato Grosso, José Garcia Neto (foto) encaminha em 27 de abril de 1977, ao general Ernesto Geisel, presidente da República, suas razões contrárias à criação do Estado de Mato Grosso do Sul:

Mato Grosso, a despeito de suas dimensões, que muitos consideravam, no passado, o seu grande infortúnio, é hoje um Estado consolidado e satisfatoriamente integrado pelos meios modernos de transporte e comunicação, mantendo o Governo sob seu efetivo controle as instituições econômicas, sociais e políticas. Suas receitas correntes são maiores que as despesas correntes, o que não ocorre com algumas unidades da Federação.
Dividir Mato Grosso seria, a meu ver, transformar um Estado financeira e economicamente consolidado em duas unidades inviáveis, que não teriam sequer condições de atender às exigências das resoluções 62 e 93 do Senado Federal, quanto à capacidade de endividamento. Contrariaria, ainda, no meu entender, a tese vitoriosa no mundo inteiro das fusões, que visam diminuir as despesas administrativas, do que são exemplos o Mercado Comum Europeu e o Comecon, já não falando da própria experiência brasileira da fusão dos Estados do Rio e da Guanabara e de nossa adiantada legislação incentivando a fusão das empresas privadas que deflagrou um processo de associação a que aderiram numerosas organizações, entre as quais as instituições de crédito de mais de um século.


O desequilíbrio financeiro que a Divisão de Mato Grosso provocaria, geraria problemas de tal monta que o governo federal teria, para solucioná-los, que carrear grandes recursos para custeio da administração dos dois Estados, os quais somariam, no primeiro ano, cerca de 380 milhões de cruzeiros, a preços de 1977, quando neste mesmo ano o orçamento de Mato Grosso apresenta superávit de 70 milhões de cruzeiros, entre as receitas correntes e as despesas obrigatórias, inclusive amortização de dívidas".

 


FONTE: Pedro Valle, A divisão de Mato Grosso, Royal Court, Brasília, 1996, página 41.


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sábado, 21 de abril de 2018

A morte de Manoel Murtinho




Faleceu aos 69 anos, em 22 de abril de 1917, Manoel Murtinho, o primeiro presidente eleito de Mato Grosso, no período republicano. Natural de Cuiabá, formado em direito pela faculdade de São Paulo, em seu Estado, passou a exercer a magistratura, começando como juiz municipal de Poconé e passando para Cáceres. Em seguida é removido para Cuiabá, onde exerceu também o cargo de juiz federal no Estado.
 
Na política, com a proclamação da República é nomeado primeiro vice-presidente no governo provisório de Antônio Maria Coelho. Eleito deputado estadual, alia-se a Generoso Ponce e chega ao governo do Estado. Aposentou-se como ministro do Supremo Tribunal Federal. Irmão do todo poderoso ministro Joaquim Murtinho, com ele fundou o Banco Rio e Mato Grosso, com sede em Porto Murtinho, que assumiu o controle acionário da Companhia Matte Larangeira.¹


Sua morte teve repercussão nacional, como mostra o editorial do jornal O Paíz, do Rio de Janeiro:



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 196; Jornal O Paiz, Rio de Janeiro, 23 de abril de 1917.


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sábado, 14 de abril de 2018

Mato Grosso aparece em Londres








Tem repercussão na capital da Inglaterra, a notícia da proclamação do Estado Livre de Mato Grosso, por militares rebeldes de Corumbá, encabeçados pelo coronel João Dias Barbosa.

Deu no Daily Telegraph em 14 de abril de 1892:

Acredita-se que a proclamação da independência de Mato Grosso foi favorecida e preparada pelos argentinos, que são beneficiados pela separação de Mato Grosso porque essa província não mais pertencendo ao Brasil, este último país não mais tem alguma razão para interferir nas repúblicas do Prata, as quais, agora, dominarão inteiramente os rios Paraguai e Uruguai. É sabido que o governo da república Argentina tem ultimamente estado a comprar armas da Alemanha a fim de preparar-se para um possível conflito com o Brasil, o que pode ser ocasionado pelo problema de Mato Grosso.

O assunto voltaria à imprensa londrina no dia 20 de abril.


FONTE: Paulo Cimó Queiroz, As curvas do trem e os meandros do poder, Editora da UFMS, 1997, Campo Grande, página 89.


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Força brasileira deixa Uberaba

4 de setembro de 1865 Para dar combate ao Paraguai, cujas forças em dezembro de 1864 invadiram o Sul de Mato Grosso, paulistas e min...