domingo, 13 de janeiro de 2019

Cuiabá prepara defesa






O brigadeiro Alexandre Manoel Albino de Carvalho, presidente da província, em 13 de janeiro de 1865, manda guarnecer a colina de Melgaço, à margem esquerda do rio Cuiabá, a jusante do porto desta capital cerca de 25 léguas. O comando da guarnição coube ao tenente-coronel Hermenegildo de Porto Carreiro, ex-comandante de Forte Coimbra, que ao deixar o porto de Cuiabá, proferiu as seguintes palavras de incitamento às tropas:

Soldados da expedição! O presidente vos acena o futuro e vos mostra uma página dourada, para nela ser registrada a vossa dedicação. A Pátria exige de vós, que deixeis tudo quanto tendes de mais caro sobre a terra, mas que não desampareis o que é mais caro que tudo - vossa mãe, vossa pátria.

Essa página dourada de que vos falei terá a inscrição seguinte: "A força expedicionária ao sul da cidade de Cuiabá salvou a Pátria", mostrando-se disposta a opor-se ao mundo, se o mundo se opuser à sua glória, entoando com o entusiasmo dos bravos.

Viva o Imperador!

Viva, e sempre viva, a integridade do Império!

Viva a Pátria!

Viva o sábio administrador da província de Mato Grosso!

"Apesar do entusiasmo que essas palavras produziram - constata Estevão de Mendonça - mal havia a força expedicionária iniciado em Melgaço o abarracamento e as primeiras medidas de defesa, quando à passagem do vapor de guerra Corumbá, que havia pouco antes descido, chegou a notícia de que os navios paraguaios já cruzavam o rio Cuiabá, abaixo da boca inferior do Piraí". 


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá. Página 38.
FOTO: Cuiabá antiga. Reprodução meramente ilustrativa.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Chega o primeiro governador de Mato Grosso





Pela rota das águas (Tietê, Paraná, Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá), chega a Cuiabá, em 12 de janeiro de 1751, Dom Antonio Rolim de Moura Tavares, primeiro governador e capitão-geral da recém criada capitania de Mato Grosso. Com ele vieram o juiz de fora dr. Teotônio da Silva Gusmão, jesuítas Agostinho Laurenço e Estevão de Castro, uma companhia de dragões com 45 praças, secretário Bartolomeu Descalça e Barros e ajudantes de ordem.

Na carta instrutiva que trazia de Lisboa, destacam-se os seguintes pontos:

1° - Que se ponha a cabeça do governo no distrito de Mato Grosso, onde deverá fazer residência mais continuada, indo contudo a Cuiabá e às outras minas, quando assim o pedir o bem do serviço e utilidade dos moradores.

2º - Referem-se à criação de uma companhia de Dragões e à ereção do juiz de fora, bem como aos privilégios que deveriam ser concedidos para promover o povoamento da capital.

3º - Recomenda a escolha do lugar em que deveria fundar a Capital, atendendo que seja defensável e, quanto possível, vizinho do rio Guaporé, ou de algum outro navegável, que nele deságue.

7º - Autoriza a construção de uma nova casa para residência dos governadores.






FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição), Governo de Mato Grosso, 1973, página 37.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Intervenção federal






Com o fim da Caetanada, como ficou conhecido o movimento armado entre a oposição e o governo do presidente Caetano de Albuquerque, a renúncia deste e de todos os deputados estaduais, o presidente da República, Wenceslau Braz, decreta em 10 de janeiro de 1917, a intervenção no Estado e nomeia interinamente para interventor o bacharel Camilo Soares de Moura Filho (foto). A medida vigoraria até o ano seguinte quando, por consenso de todos os partidos, é eleito como candidato único, o bispo de Cuiabá, dom Aquino Correia para um governo de conciliação.

O decreto de intervenção na íntegra:

O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil:

Considerando que o Poder Executivo no Estado de Mato Grosso deve ser exercido por um cidadão com título de Presidente;

Considerando que em caso de renúncia deste, assumirá o governo o 1°, 2° ou 3° Vice-Presidente, e se os três houverem também renunciado, serão sucessivamente chamados ao Governo do Estado o presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente da Câmara Municipal da Capital;

Considerando que se acham vagos não só os lugares de presidente e vices-presidentes do Estado, como também os de deputados à Assembleia Legislativa e de presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, e todos pedirem a intervenção federal;

Considerando que é caso de intervir no Estado o Executivo Federal, afim de por termo à acefalia política e administrativa e eleger novos detendores do Poder Legislativo e do Executivo; 

Considerando que as renúncias do presidente e respectivos substitutos legais se tornaram efetivas exatamente para dar lugar à intervenção federal dos novos presidente, vice-presidentes e deputados;

Considerando que a desordem ainda campeia naquela parte da federação e urge restabelecer ali o império da lei;

Resolve intervir no Estado de Mato Grosso de acordo com o art. 6°, ns. 2 e 3 da Constituição da República, nomeando para representá-lo nesse ato de exercício da autoridade federal o bacharel Camilo Soares de Moura Filho, que prorrogará o orçamento da receita e da despesa vigente em 1916, terá vencimento mensal de três contos de réis, pagos pelos cofres estaduais, e observará as instruções expedidas em meu nome, pelo ministro da Justiça e Negócios Interiores. Rio de Janeiro, 10 de janeiro de mil novecentos e dezessete, nonagésimo cesto a Independência e vigésimo nono da República - Wenceslau Braz P. Gomes. - Carlos Maximiliano Pereira dos Santos.²  

 
FONTE: ¹Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição), edição do autor, Cuiabá, 1973, página 34. ²Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Cuiabá, 1967, página 110

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Mato Grosso declara guerra




Coimbra, palco da primeira batalha da guerra do Paraguai


O brigadeiro Alexandre Manoel Albino de Carvalho, que governava a província de Mato Grosso quando estourou a guerra do Paraguai, em 9 de janeiro de 1865, dirige ao povo a seguinte proclamação:

Matogrossenses! A injustificável ameaça do Governo da República do Paraguai, feita ao Império em sua nota 30 de agosto do ano passado, está consumada. Em 27 de dezembro findo uma expedição paraguaia, composta de numerosos navios a vapor e a vela com cerca de 5000 homens, acometeu o forte de Nova Coimbra e intimou ao comandante tenente-coronel Hermenegildo de Albuquerque Porto Carreiro a sua entrega dentro do prazo de uma hora, ficando em tal caso a guarnição sujeita à sorte das armas.

Contra tão desleal agressão protestaram energicamente as guarnições do forte de Nova Coimbra e do vapor Anhambaí, seu auxiliar, composta de menos de 200 homens.
Esse protesto ficará na história, escrito pelas armas imperiais, tintas de sangue de centenas de agressores, sangue dos que foram mortos e mutilados, durante dois dias de renhido combate.

Foi um protesto solene e glorioso!

Mato-grossenses, às armas! E com elas em punho, rivalizai com os valentes soldados da Nova Coimbra e com os intrépidos marinheiros da Anhambaí. Viva o Imperador! Viva a integridade do Império!


FONTE: Jorge Maia, A invasão de Mato Grosso, Biblioteca do Exército Editora, Rio, 1964, página 214.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Rondon é graduado em engenharia e ciências


O alferes Cândido Mariano da Silva Rondon recebe da Escola Militar do Rio de Janeiro em 8 de janeiro de 1890, o título de engenheiro militar e o diploma de bacharel em Matemática e Ciências Físicas e Naturais. 55 dias antes, por influência e sob as ordens de seu superior Benjamin Constant, participou da proclamação de República como estafeta do exército.

Órfão de pai (que não chegou a conhecer) e mãe (falecida dois anos e meio depois de seu nascimento) aos sete anos, em 1873, deixou Mimoso e mudou-se para Cuiabá, onde passou a ser criado por seu tio, Manoel Rodrigues da Silva. Iniciou seus estudos no mesmo ano, na escola particular de Mestre Cruz. No ano seguinte matriculou-se na escola pública do professor João Batista de Albuquerque. Completou o curso primário na escola do professor Francisco Ribeiro da Costa, mestre Chico, em 1878.

Em 1881, aos 16 anos, conclui o curso de professor no Liceu Cuiabano e foi nomeado para o cargo. Em 26 de novembro de 1881 sentou praça como soldado raso, sendo destacado para o 3° Regimento de Artilharia a cavalo, no quartel do antigo acampamento Couto Magalhães, em Cuiabá.

Em 31 de dezembro de 1881, iniciou seus estudos na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Em 1884 começou o seu curso superior na mesma escola militar.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, páginas 25 e 43.

sábado, 5 de janeiro de 2019

A morte trágica de Adrien Taunay


Auto retrato de Adrien e gravura de uma moita de buritis, vegetação típica
do cerrado matogrossense.

Desenhista francês, componente da comissão Langsdorff, que à época explorou Mato Grosso e Amazônia, tentou atravessar o rio Guaporé a nado e morreu afogado em 5 de janeiro de 1828. Taunay, em mais de 150 desenhos e pinturas, durante a viagem, retratou toda a região, incluindo o cerrado de Mato Grosso.

Sobre ele depõe o pesquisador Carlos Alberto de Moura:

Adrien, nascido na França em 1803, era filho do pintor Nicolau Antonio Taunay, que veio com a família para o Rio de Janeiro em 1811, como membro da Missão Artística Francesa.

Espírito aventureiro, Adrien, com apenas 16 anos, em 1818, engajou-se como desenhista na Expedição de Freycinet, que na fragata Urânia empreendia uma viagem de circunavegação. Esteve nas ilhas da Oceania e no naufrágio da Urânia nas ilhas Malvinas em fevereiro de 1820. Quatro meses depois os náufragos foram resgatados, e em junho Adrien estava de volta ao Rio de Janeiro.

Seguiu com a Expedição Langsdorff pela rota das monções, desenhando paisagens, animais e plantas.

Prosseguiu nos seus trabalhos em Cuiabá e na Chapada dos Guimarães. Em agosto de 1827, Adrien partiu com Riedel para o Diamantino, enquanto Hércules Florence e Rubtsov seguiram para Vila Bela. Dali deveriam seguir pelos rios Guaporé, Mamoré e Madeira até o Amazonas.

O outro grupo, formado por Langsdorff, Florence e Rubtsov seguiu para o Diamantino de onde desceria pelos rios Arinos, Juruena e Tapajós.

O ponto de encontro para os dois grupos seria a Barra do rio Negro, no Alto Amazonas.

A 18 de dezembro de 1827 Adrien e Riedel chegaram a Vila Bela. Ali deveriam ficar três ou quatro meses. A 30 de dezembro partiram para Casalvasco, situado a uns 80 quilômetros, próximo à fronteira com a Bolívia. Depois visitaram São Luis e Salinas e voltaram a Casalvasco.

Dali partiram de volta a Vila Bela. Mas Adrien Taunay, impaciente com a lenta marcha da comitiva, resolveu adiantar-se e perdeu-se em meio a grande temporal.

Conseguindo finalmente chegar à margem do Guaporé, atirou-se afoitamente às águas, confiando na sua perícia de nadador, e pereceu tragicamente no dia 5 de janeiro de 1828.

Adrien foi sepultado na igreja de Santo Antonio, junto ao porto de Vila Bela.

FONTE: Carlos Francisco de Moura, A Expedição Langsdorff em Mato Grosso, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 1984, página 21.

Presidente Roosevelt em Cáceres

 


Tendo deixado Corumbá na noite de Natal chega a Cáceres em 5 de janeiro de 1913, a expedição Roosevelt-Rondon, que se destina à Amazônia Matogrossense. A chegada e permanência da comitiva na cidade, ganhou uma página no diário do ex-presidente norte-americano:

Na tarde do dia 5 alcançamos a linda e antiquada cidadezinha de São Luiz de Cáceres, nos confins da região habitada do Estado de Mato Grosso, e última cidade que veríamos antes de alcançarmos as povoações do Amazonas. Nas suas proximidades passamos por uma lavadeira preta e seminua nas margens do rio. Os homens, com a banda de música local, estavam agrupados no começo da ladeira íngreme da rua principal, onde o vapor atracou. Grupos de senhoras e moças claras e trigueiras olhavam-nos do mirante, seus vestidos e corpetes eram vermelhos, azuis, verdes, de todas as cores...Sigg, que nos havia precedido com a maior parte da bagagem, veio ao nosso encontro com uma lancha de motor improvisada - uma espécie de chalana a que ele adaptou o nosso motor "Evenrude"; estava proporcionando a diversos cidadãos da localidade delicioso passeio fluvial. As ruas da pequena cidade, desprovidas de calçamento, tinham passeios estreitos, de tijolos. As casas, de um só pavimento, eram brancas ou azuis, com telhas vermelhas e postigos de grades de madeira, de velho estilo colonial, copiado pelos cristãos e mouros de Portugal dos seus antepassados árabes.

Belos rostos, uns morenos, outros claros, olhavam das janelas; suas avós, em passadas gerações, deviam ter olhado também de janelas semelhantes em remotos dias coloniais. Mas, agora, mesmo ali, em Cáceres, o espírito do Brasil novo despertava; uma ótima escola oficial foi inaugurada e tivemos o prazer de conhecer o seu diretor, homem dedicado que realizava excelente trabalho, e era um dos muitos professores que, no decorrer desses últimos anos,vieram de São Paulo, centro do novo movimento educativo que muito tem feito em prol do Brasil.

O padre Zahm foi passar a noite com os irmãos franciscanos franceses, seus colegas de Ordem. Eu dormi na residência confortável do Tte. Lira: uma casa tropical com paredes espessas, grandes portas e vasto alpendre com grades. O Tte. Lira seguiria conosco na expedição; era velho companheiro de excursão do Cel. Rondon. Visitamos uma ou duas lojas para fazer as últimas compras e à noite perambulamos pelas ruas escuras e jardins da praça; as senhoras e moças se aglomeravam nas portas da rua ou nas janelas, e de espaço em espaço um instrumento de cordas ressoava na escuridão. De Cáceres para diante estávamos entrando no cenário de atuação do Cel. Rondon. Durante dezoito anos ele se dedicara à exploração e instalação das linhas telegráficas através da parte este e nordeste do grande estado florestal, o estado das selvas,ou do "mato grosso" ou, como diriam os australianos, o "bosque".



FONTE: Theodore Roosevelt, Nas selvas do Brasil, Editora de Universidade de São Paulo, São Paulo, 1976, página 94. 
FOTO: Roosevelt e Rondon, acervo Theodore Roosevelt.

Força brasileira deixa Uberaba

4 de setembro de 1865 Para dar combate ao Paraguai, cujas forças em dezembro de 1864 invadiram o Sul de Mato Grosso, paulistas e min...