terça-feira, 19 de março de 2019

Nasce Vila Bela da Santíssima Trindade




Às margens do rio Guaporé é lido em 19 de março de 1752, o alvará do rei de Portugal, mandando ao primeiro governador da capitania de Mato Grosso e Cuiabá, Rolim de Moura, erigir uma vila para instalação da capital. "E logo pelo dito Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Governador e Capitão Geral foi declarado que a dita nova vila teria o nome de Vila Bela da Santíssima Trindade a quem dedicaria a Igreja Matriz dela; que em reverência da mesma trindade santíssima simbolicamente teria por armas em meio de um escudo branco com dois círculos, um encarnado e outro azul, uma ave com corpo e cabeça do meio de águia, a do lado esquerdo de pomba e a do lado direito de pelicano ferindo o peito; e que estas mesmas armas poria a Câmara no seu estandarte por detrás das armas reais, enquanto sua majestade não mandasse o contrário". 

Somente em 8 de agosto de 1835, a capital seria oficialmente mudada para Cuiabá, primeira cidade do Estado.

FONTE: Virgílio Correa Filho, História de Mato Grosso, Fundação Julio Campos, Varzea Grande, 1994, página 357.
FOTORuínas de Vila Bela da Santíssima Trindade, a primeira capital de Mato Grosso

quinta-feira, 7 de março de 2019

Inaugurado o Liceu Cuiabano




Perante numerosa assistência, composta das principais autoridades da província, à frente o presidente Eneas Galvão, o barão de Maracaju e o bispo dom Luis d'Amour, é oficialmente instalado em 7 de março de 1880, o Liceu Cuiabano, órgão do ensino público de fundamental importância para o desenvolvimento do ensino de Mato Grosso. Da solenidade inaugural lavrou-se ata, a qual sintetizamos:

Aos sete dias do mês de março de 1880, antecedentemente designado por S. Exa. o Sr. Presidente da Província, presentes às nove horas da manhã, no edifício destinado para nele funcionar, o liceu desta capital, os Exmos. Srs. Presidente da Província, Barão de Maracaju, Bispo Diocesano Dom Carlos Luis D'amour, diretor geral da instrução pública Dr. Dormevil José dos Santos Malhado, os professores do estabelecimento Antonio Correa da Silva Pereira, José Magno da Silva Pereira, Belarmino Augusto de Mendonça Lobo, Antonio Correa da Costa, João Pedro Gardès e José Estevão Correa, diversas autoridades civis e militares e pessoas gradas desta Capital, o sr. presidente da Província abriu a sessão declarando, depois de uma breve alocuação, estar instalado o Liceu Cuiabano da Província de Mato Grosso, criado pela lei provincial n° 536, de 3 de dezembro de 1879.¹

Em sua mensagem aos deputados, no final do exercício, o presidente da província destacou a importância do liceu:

Este estabelecimento inaugurado com toda a solenidade no dia 7 de março do corrente ano, compreende dois cursos de humanidades a saber:

O curso normal que se restringe a gramática da língua nacional, filosófica e literatura pátria, pedagogia e metodologia, matemática elementar, geografia geral e história do Brasil e o curso chamado de línguas e ciências preparatórias, que abrange, além das disciplinas que constituem o curso normal, com exceção de pedagogia e metodologia, as seguintes matérias:latim, francês, inglês, filosofia racional e moral, retórica e história universal.

O primeiro destes dois cursos tem por fim preparar professores e professoras para o magistério do ensino primário; o segundo habilitar os aspirantes à matrícula nos cursos superiores do país.

A criação deste tão útil estabelecimento é de muito alcance para o programa da Província, pois, desapareceu assim a barreira que vedava aos pais, que dispunham de poucos recursos, proporcionar a seus filhos uma educação mais completa, porque aqui mesmo receberão, sem grandes dispêndios, a instrução apropriada a sua vocação e se habilitarão para o estudo dos cursos superiores.
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FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá,1973, página 120, ²Presidente Barão de Maracaju, Mensagem à Assembleia Provincial, 1° de outubro de 1880.
FOTO: primeira sede do Liceu Cuiabano, reproduzido do Album Grephico de Matto-Grosso, Corumbá, 1914.
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sábado, 2 de março de 2019

Rondon convidado para criar serviço de proteção ao índio



Em carta de 2 de março de 1910, assinada pelo ministro Rodolfo Miranda, de Agricultura, Indústria e Comércio, do governo de Nilo Peçanha, Rondon é oficialmente convidado para a direção do recém-criado Serviço de Proteção aos Índios:

Exmo. Sr. Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon:


Visa a presente carta revestir de cunho oficial o convite que, pessoalmente, vos dirigi em nome da causa de nossos silvícolas.


A espontaneidade da escolha de vosso nome para fomentar e dirigir a catequese que o Governo da República deliberou empreender é a consagração formal da conduta humanitária, generosa, que tanto vos recomendou à confiança do indígena, na longa e heróica jornada que realizastes em zonas até então vedadas aos mais audaciosos exploradores.


Quem, denodadamente e com rara abnegação, sacrificou a sua quietude, a calma do lar, a sua própria vida, por bem servir à nação; quem pode fazer do indígena a plenitude do seu domínio no seio das florestas, defendido dos artifícios da civilização pelas asperezas da vida inculta - um amigo, um guia cuidadoso, reúne, sem dúvida, os requisitos de bondade, de altruísmo que devem caracterizar a campanha que há de redimir do abandono os nossos silvícolas e integrá-los na posse de seus direitos.


Não cabe ao Governo insistir em práticas seculares que falharam aos seus ideais, revelando-se, no longo decurso do seu predomínio, baldas de prestígio para deter a corrente da raça varonil que votava à escravidão e ao extermínio. Cumpre-lhe, ao contrário, constituir, em bases novas, a catequese, imprimir-lhe a feição republicana, fora do privilégio de castas, sem preocupação de proselitismo religioso, constituindo serviço especial centralizado na Capital, com irradiação pelos Estados onde se torne necessária a ação que é chamado a exercer, pacientemente e sem intermissão de esforços.


A direção superior desse serviço vos será confiada, se aquiescerdes à consulta que ora vos faço, antes das formalidades oficiais de requisição ao Ministério a quem pertenceis, e tenho bem radicada em meu espírito a confiança de que será satisfeita a aspiração comum, mediante o influxo de vossa cultura científica, de vossa capacidade moral, de vossa fé republicana e da energia de vontade que vos faz o primeiro dentre os exporadores do território brasileiro. 


Em carta de 14 de março seguinte ao ministro Rodolfo de Miranda, o coronel Rondon aceita o convite e apresenta uma série de medidas que deveria tomar para cumprir a missão.


FONTEEsther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1968, página 338.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Morre o governador de Mato Grosso






Falece em Vila Bela em 29 de fevereiro de 1798, o quinto governador e capitão-general da capitania de Mato Grosso, João de Albuquerque Pereira e Cáceres, irmão e sucessor de Luiz Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.

Nomeado por carta régia de 17 de outubro de 1788, assumiu a administração a 20 de novembro do ano seguinte. Muito moço para um cargo de tanta responsabilidade, a nomeação de João de Albuquerque originou-se principalmente do fato seguinte:

Tendo Luiz de Albuquerque reclamado por vezes a sua substituição e compreendido por fim que o governo da metrópole, se diretamente não lhe negava, também não lhe permitia o regresso, pois a tanto valia a nomeação de substituto e a recomendação expressa para aguardar a vinda deste, o que jamais se efetivava, resolveu ao cabo de dezesseis anos indicar o nome do próprio irmão para o governo da capitania.

Ao regressar para Lisboa, entregava ao seu substituto instruções completas sobre o estado da capitania, traçando-lhe a conduta e a maneira de se orientar no governo.

E tais instruções foram o guia eficaz de João de Albuquerque, que se não possuia a envergadura do irmão, tinha, no entanto, o bom senso deste.

Por motivo de seu falecimento, assumiu o governo da capitania uma junta composta do ouvidor Antonio da Silva Amaral, tenente-coronel Ricardo de Almeida Serra e o vereador Marcelino Rodrigues.


FONTE: Estevâo de Mendonça, Datas Matogrossenses,(2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 111.

de Lamare assume o governo de Mato Grosso





Assume a presidência da província de Mato Grosso em 28 de fevereiro de 1858, o chefe de divisão Joaquim Raimundo de Lamare, nomeado por carta imperial de 5 de setembro do ano anterior. Sobre ele e sua passagem pelo governo de Mato Grosso depõe o historiador:

Oficial de marinha distinto, com muita fé de ofício que vinha abrilhantando desde as lutas da independência, ao lado de Lord Cockrane a bordo da nau Pedro I, que comandava, ocupou depois posição de destaque no país, tendo sido o ministro da Marinha no gabinete Marques de Olinda, em 1852.

Em Mato Grosso governou com tino e moderação, conseguindo amortecer as rivalidades oriundas do espírito partidário. Promoveu o povoamento de Albuquerque, hoje Corumbá, mandando dividir e demarcar a área destinada à cidade e fazendo edificar ali os primeiros edifícios públicos. Em homenagem à sua memória, a respectiva câmara municipal deu o nome de - Rua de Lamare - à principal artéria da cidade.

Governou até 13 de outubro de 1859 data em que passou a administração ao tenente-coronel Antonio Pedro de Alencastro, e por falecimento do visconde do Rio Branco é escolhido para substituir no Senado aquele estadista, como representante de Mato Grosso.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Casa Civil de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 110.
FOTO: Reprodução do livro O Forte de Coimbra, de Carlos Francisco Moura.



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Sociedade abolicionista em Cuiabá





Com a denominação de Galdino Pimentel, é fundada em Cuiabá, em 20 de fevereiro de 1886, entidade destinada a lutar pela abolição da escravatura. A primeira diretoria da sociedade ficou assim constituída: presidente - advogado Antonio de Paula Correa; vice-presidente - Henrique Augusto de Santana; 1° secretário - Vital Batista de Araújo; 2° secretário - capitão Miranda de Carvalho; e tesoureiro -Francisco Correa da Costa Sobrinho.

A ideia da entidade surgiu de uma comissão composta do capitão Antonio Raimundo Miranda de Carvalho, 1° tenente Carlos Augusto Peixoto de Alencar e o advogado Francisco Agostinho Ribeiro.

A denominação deu-se em homenagem ao presidente da província à época, Joaquim Galdino Pimentel.

FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, Casa Civil do Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 100. 

FOTO: Igreja do Rosário e São Benedito, em Cuiabá.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

O nascimento de Luiz D'Alincourt






Nasce em 17 de fevereiro de 1787 em Oeiras, Portugal, Luiz D'Alincourt. Seguiu a carreira das armas. Assentou praça na Brigada Real, em 1799, daí se transferiu para o Regimento de Artilharia de Lisboa e deste para o Rio de Janeiro em 1809, onde fez o curso da antiga Academia Militar.

Capitão-engenheiro, em Mato Grosso exerceu importantes funções, entre elas o de membro da Junta Governativa Provisória de Cuiabá, no período da independência e comandante do Forte de Coimbra. Entre seus trabalhos, estão os mais minuciosos levantamentos dos fortes Bourbon e Coimbra; reflexões acerca da província de Mato Grosso; e notícias sobre a região meridional da província de Mato Grosso. 

Faleceu no Espírito Santo em 1841.



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo do Estado, Cuiabá, 1963, página 95.

FOTO: capa de livro de D'Alincourt 

Força brasileira deixa Uberaba

4 de setembro de 1865 Para dar combate ao Paraguai, cujas forças em dezembro de 1864 invadiram o Sul de Mato Grosso, paulistas e min...