segunda-feira, 23 de março de 2020

Cuiabá recebe a notícia do fim da guerra do Paraguai

Hermes da Fonseca, autor da boa nova



Hermes da Fonseca, autor da boa nova
Chega a Cuiabá, procedente de Corumbá, o vapor Corumbá, em 23 de março de 1870, com a notícia da morte do marechal Francisco Solano Lopes em 1º de março. A embarcação é portadora ao presidente da província do seguinte ofício:

Comando das forças em operações e da Fronteira do Baixo Paraguai, em Corumbá, 15 de março de 1870. - Ilmo. e Exmo. Sr. - por mim e em nome de todos da força de meu comando, me congratulo com V. Exa., e dou meus parabéns pelo feliz sucesso que coroou o heroísmo e os esforços do Império, lavando a mancha do insulto que um louco lhe atirou em face.O patriotismo inexedível e a heróica pertinácia do primeiro brasileiro, S. M. o Imperador, o valor, a sabedoria, a energia do nosso ínclito Marechal Comandante em Chefe, S. Alteza o Senhor Príncipe Conde d'Eu; a incansável atividade, a resignação do bravo general José Antônio Correa da Câmara e dos seus comandados, concluindo com o monstro sanguinário que assombrou a humanidade em nossos dias depois de tantos séculos, levou o Brasil à altura que lhe compete entre as nações - Deus guarde à V. Exa. - Ilmo. sr. Comendador Luiz da Silva Prado, Digníssimo Vice-presidente da província. - Hermes Ernesto da Fonseca, coronel.

General, no novo regime, Hermes da Fonseca chegaria à presidência da República.


FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, (2a edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 145.

domingo, 22 de março de 2020

Morre dom Aquino



Dom Aquino presidente do Estado visita Campo Grande

Nascido em Cuiabá a 2 de abril de 1885, morre em São Paulo, em 22 de março de 1956, dom Aquino Correa, uma das figuras de maior destaque na história de Mato Grosso. Doutor em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma, dirigiu o Liceu Salesiano em Cuiabá, é eleito em abril de 1914 pelo papa Pio X bispo titular de Prusiade e bispo auxiliar de d. Carlos Luiz D'Amour, arcebispo de Cuiabá, sendo então o bispo mais novo do mundo.
A 1º de novembro é eleito presidente do Estado de Mato Grosso, como candidato da conciliação, depois da renúncia de Caetano de Albuquerque e de um pequeno período de intervenção federal. Em agosto de 1921 é promovido a arcebispo metropolitano. Poeta consagrado e orador de escol, Dom Aquino foi o primeiro mato-grossense a ocupar uma vaga na Academia Brasileira de Letras, para a qual fora eleito a 9 de dezembro de 1926. Ao lado de Rondon, dom Aquino Correa é o vulto da história de Mato Grosso que recebeu maiores homenagens no Estado, dando nome a ruas e escolas em quase todas as cidades de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande nomina uma de suas principais vias públicas.



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição), Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 144
FOTO: Lélia Rita E. de Figueiredo Ribeiro, Campo Grande O homem e a terra, edição da autora, sd, Campo Grande, página 296

quinta-feira, 19 de março de 2020

Criada a primeira capital de Mato Grosso




Às margens do rio Guaporé é lido em 19 de março de 1752, o alvará do rei de Portugal, mandando ao primeiro governador da capitania de Mato Grosso e Cuiabá, Rolim de Moura, erigir uma vila para instalação da capital. "E logo pelo dito Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Governador e Capitão Geral foi declarado que a dita nova vila teria o nome de Vila Bela da Santíssima Trindade a quem dedicaria a Igreja Matriz dela; que em reverência da mesma trindade santíssima simbolicamente teria por armas em meio de um escudo branco com dois círculos, um encarnado e outro azul, uma ave com corpo e cabeça do meio de águia, a do lado esquerdo de pomba e a do lado direito de pelicano ferindo o peito; e que estas mesmas armas poria a Câmara no seu estandarte por detrás das armas reais, enquanto sua majestade não mandasse o contrário". 

Somente em 8 de agosto de 1835, a capital seria oficialmente mudada para Cuiabá, primeira cidade do Estado.

FONTE: Virgílio Correa Filho, História de Mato Grosso, Fundação Julio Campos, Varzea Grande, 1994, página 357.
FOTORuínas de Vila Bela da Santíssima Trindade, a primeira capital de Mato Grosso


quarta-feira, 11 de março de 2020

Paraguaios anunciam libertação de escravos em Corumbá





Jornal oficial do governo paraguaio publica em 11 de março de 1865, notícia anunciando a libertação de escravos brasileiros, na Corumbá ocupada desde o início do ano:

O Taquari conduz a bordo uma infinidade de negros escravos que jaziam em poder em poder se seus amos, baixo ao chicote e a miséria em Corumbá; as armas vitoriosas do Paraguai sobre as hostes do Brasil, tem contribuído para deixar abandonados de seus amos estes seres desgraçados, que se encontraram quase mortos fome pelos desertos e montanhas, de onde foram recolhidos por nossos soldados e conduzidos a esta; estão em completa liberdade. Eles estão distribuídos em diferentes estabelecimentos trabalhando para si, alegres e prazerosos de tão inesperado bem que acabam de receber, que é a liberdade.¹

Ocupado em libertar negros escravos no Brasil, o Paraguai somente viria a abolir oficialmente a escravatura em seu território em 2 de outubro de 1869. De sua pequena população submetida à escravidão, a maioria esmagadora foi recrutada para a guerra. A abolição não chegou a beneficiar 500 negros. Os demais estavam em campos de batalha.²



FONTE: ¹Jornal El Semanario, (Assunção PY), 11 de março de 1865. ²Paraguai Teete.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Inaugurado o Liceu Cuiabano





Perante numerosa assistência, composta das principais autoridades da província, à frente o presidente Eneas Galvão, o barão de Maracaju e o bispo dom Luis d'Amour, é oficialmente instalado em 7 de março de 1880, o Liceu Cuiabano, órgão do ensino público de fundamental importância para o desenvolvimento educacional da capital de Mato Grosso. Da solenidade inaugural lavrou-se ato, o qual sintetizamos:

Aos sete dias do mês de março de 1880, antecedentemente designado por S. Exa. o Sr. Presidente da Província, presentes às nove horas da manhã, no edifício destinado para nele funcionar, o liceu desta capital, os Exmos. Srs. Presidente da Província, Barão de Maracaju, Bispo Diocesano Dom Carlos Luis D'amour, diretor geral da instrução pública Dr. Dormevil José dos Santos Malhado, os professores do estabelecimento Antonio Correa da Silva Pereira, José Magno da Silva Pereira, Belarmino Augusto de Mendonça Lobo, Antonio Correa da Costa, João Pedro Gardès e José Estevão Correa, diversas autoridades civis e militares e pessoas gradas desta Capital, o sr. presidente da Província abriu a sessão declarando, depois de uma breve alocuação, estar instalado o Liceu Cuiabano da Província de Mato Grosso, criado pela lei provincial n° 536, de 3 de dezembro de 1879.¹

Em sua mensagem aos deputados, o governador destacou a importância do liceu:

Este estabelecimento inaugurado com toda a solenidade no dia 7 de março do corrente ano, compreende dois cursos de humanidades a saber:

O curso normal que se restringe a gramática da língua nacional, filosófica e literatura pátria, pedagogia e metodologia, matemática elementar, geografia geral e história do Brasil e o curso chamado de línguas e ciências preparatórias, que abrange, além das disciplinas que constituem o curso normal, com exceção de pedagogia e metodologia, as seguintes matérias:latim, francês, inglês, filosofia racional e moral, retórica e história universal.

O primeiro destes dois cursos tem por fim preparar professores e professoras para o magistério do ensino primário; o segundo habilitar os aspirantes à matrícula nos cursos superiores do país.

A criação deste tão útil estabelecimento é de muito alcance para o programa da Província, pois, desapareceu assim a barreira que vedava aos pais, que dispunham de poucos recursos, proporcionar a seus filhos uma educação mais completa, porque aqui mesmo receberão, sem grandes dispêndios, a instrução apropriada a sua vocação e se habilitarão para o estudo dos cursos superiores.
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FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá,1973, página 120, ²Presidente Barão de Maracaju, Mensagem à Assembleia Provincial, 1° de outubro de 1880.
FOTO: primeira sede do Liceu Cuiabano, reproduzido do Albim Grephico de Matto-Grosso, Corumbá, 1914.
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terça-feira, 3 de março de 2020

Morre Julio Müller






Morreu em Cuiabá, no dia 4 de março de 1977.Júlio Strubing Müller. Nasceu em Cuiabá no dia 6 de janeiro de 1895, filho de Júlio Frederico Müller e de Rita Correia Müller. Seu irmão Filinto Müller (1900-1973) foi chefe de polícia do Distrito Federal de 1933 a 1942 e senador de 1947 a 1951 e de 1954 a 1973; seu outro irmão, Fenelon Müller (1892-1976), foi prefeito de Cuiabá e interventor em Mato Grosso em 1935.

Estudou humanidades no Colégio Salesiano de Cuiabá, e em seguida cursou a Academia de Direito da mesma cidade, pela qual se formou. Lecionou alemão no Liceu Cuiabano e depois foi diretor do Grupo Escolar de Poconé, do Grupo Escolar Barão de Melgaço e da Escola Normal Pedro Celestino, todas em seu estado natal.

Em conseqüência da vitória da Revolução de 1930, foi nomeado prefeito de Cuiabá, tendo assumido também a chefia de polícia e a secretaria geral do estado. Em 1933, decidida a convocação de eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, criaram-se em todos os estados partidos representando os objetivos doutrinários da Revolução de 1930. Em Mato Grosso, foi fundado o Partido Liberal Mato-Grossense, liderado pelo interventor Leônidas Antero de Matos. Júlio Müller participou da primeira comissão executiva do novo partido.

No pleito de outubro de 1934, elegeu-se deputado à Assembléia Constituinte estadual que, além de preparar a Constituição do estado, tinha também a incumbência de eleger o governador de Mato Grosso e dois representantes do estado ao Senado Federal. Desse modo, no dia 7 de setembro de 1935, Mário Correia da Costa foi eleito para chefiar o Executivo mato-grossense.

Em 13 de setembro de 1937, com a morte de Correia da Costa, Júlio Müller foi eleito governador pela Assembléia Legislativa, com mandato até 15 de agosto de 1939. Tomou posse no dia 4 de outubro, tendo administrado o estado como governador constitucional por pouco mais de um mês, já que a implantação do Estado Novo no dia 10 de novembro suspendeu todos os mandatos eletivos do país. Entretanto, no dia 24 de novembro foi reconduzido ao governo de Mato Grosso, desta vez como interventor federal no estado.

Durante sua gestão, construiu o Hospital Geral, o Colégio Estadual de Mato Grosso e a ponte Júlio Müller, ligando Cuiabá a Várzea Grande. Fundou o Departamento Estadual de Estatística, o Departamento de Saúde Pública e reformou a imprensa estadual. Foi ainda durante seu governo que, em setembro de 1943, foram desmembrados de Mato Grosso os territórios federais de Guaporé (hoje Rondônia) e Ponta Porã. Este último, contudo, voltou a integrar o estado por força da Constituição de 1946.

Cinco dias depois da deposição de Getúlio Vargas (29/10/1945), Júlio Müller foi destituído da interventoria.

Além das funções de governo, foi também diretor-presidente da Matoveg, indústria pioneira na fabricação de óleos vegetais e derivados, e se dedicou à pecuária na região de Várzea Grande.

Morreu em Cuiabá, no dia 4 de março de 1977.

Foi casado com Maria de Arruda Müller, com quem teve seis filhos.


FONTE: CPDOC da Fundação Getúlio Vargas.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Morre o quinto governador de Mato Grosso




Falece em Vila Bela em 29 de fevereiro de 1798, o quinto governador e capitão-general da capitania de Mato Grosso, João de Albuquerque Pereira e Cáceres, irmão e sucessor de Luiz Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.

Nomeado por carta régia de 17 de outubro de 1788, assumiu a administração a 20 de novembro do ano seguinte. Muito moço para um cargo de tanta responsabilidade, a nomeação de João de Albuquerque originou-se principalmente do fato seguinte:

Tendo Luiz de Albuquerque reclamado por vezes a sua substituição e compreendido por fim que o governo da metrópole, se diretamente não lhe negava, também não lhe permitia o regresso, pois a tanto valia a nomeação de substituto e a recomendação expressa para aguardar a vinda deste, o que jamais se efetivava, resolveu ao cabo de dezesseis anos indicar o nome do próprio irmão para o governo da capitania.

Ao regressar para Lisboa, entregava ao seu substituto instruções completas sobre o estado da capitania, traçando-lhe a conduta e a maneira de se orientar no governo.

E tais instruções foram o guia eficaz de João de Albuquerque, que se não possuia a envergadura do irmão, tinha, no entanto, o bom senso deste.

Por motivo de seu falecimento, assumiu o governo da capitania uma junta composta do ouvidor Antonio da Silva Amaral, tenente-coronel Ricardo de Almeida Serra e o vereador Marcelino Rodrigues.

FONTE: Estevâo de Mendonça, Datas Matogrossenses,(2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 111.

Força brasileira deixa Uberaba

4 de setembro de 1865 Para dar combate ao Paraguai, cujas forças em dezembro de 1864 invadiram o Sul de Mato Grosso, paulistas e min...