domingo, 15 de julho de 2018

Bispo de Cuiabá inicia viagem ao Sul do Estado



Dom Luis, prelado de Cuiabá, chega a Corumbá em 15 de julho de 1886, em sua primeira viagem ao Sul de Mato Grosso. Sua parada inicial na região é narrada pelo escriba da missão, cônego Bento Severiano da Luz:

Na madrugada do dia 15 o vapor fundeou no porto de Corumbá e logo que amanheceu o povo aglomerou-se ali para ver o desembarque de S. Exa. Rvma. Às 7,00 horas vieram a bordo os srs. capitão de mar e guerra Francisco Freire Garção, o rvmo. padre encarregado da paróquia e outros cavalheiros entre os quais o sr. tenente Gomes Esteves, que fez grandes oferecimentos ao sr. Bispo e muito alegrou-se pela honra que deu-lhe S. Exa. indo hospedar-se em sua casa.

As 8,00 horas o prelado saltou em terra, sendo-lhe prestadas as continências militares de estilo, ao meio dia realizou-se o ingresso solene na matriz da freguesia, sendo S. Exa. rvma. recebido à porta do templo pelo rvmo. vigário. Findas as cerimônias costumadas, o sr. bispo pregou anunciando aberta a visita pastoral e quais seus fins e depois mandou publicar as indulgências.
Em frente à matriz se achava uma guarda de honra.


Ultimado o ato religioso, S. Exa. recolheu-se para a casa de sua residência, até onde teve um brilhante acompanhamento.



FONTE: Luis-Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, edição do autor, sd., página 133.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

A traição do comandante paraguaio




Morto em combate na batalha de 13 de junho, o tenente-coronel Hermogenes Cabral, comandante militar de Corumbá, foi acusado por seus comandados, de haver cometido ato de traição, contra o Paraguai. A denúncia foi formulada em 28 de junho de 1867, pelos soldados em fuga, a bordo de um vapor de guerra, ancorado em Albuquerque, ainda sob domínio do exército e marinha paraguaios:

Com o mais profundo respeito cumprimos o dever de levar ao conhecimento de V.E. que tanto os oficiais, como as tropas de marinha e terra, que estamos aqui dispostos a fazer quantos sacrifícios demandem a honra às armas nacionais, em vista do acontecimento sumamente desagradável da invasão de nossa praça de Corumbá pelo inimigo, e ainda mais pela traição infame do tenente coronel Hermógenes Cabral, juntamente com o capelão; todos unanimimente estamos com o mais ardente dever de correr presurosos a dar o condigno castigo a esses pérfidos inimigos, protestando desde logo contra o execrável comportamento do comandante Cabral, o capelão e demais traidores, e renovando à V. E. nosso patriótico juramento de que jamais consentiremos tão vilã humilhação, preferido mil vezes morrer combatendo ao inimigo, que deixar um borrão sobre o brilho de nossas armas e o nome de nossas famílias.

Deus guarde à V. E. muitos anos.

A bordo do Vapor Nacional de guerra Salto de Guairá no porto de Albuquerque Junho 28 de 1867.

Romualdo Nuñes, Ezequiel Roman, Mamerto Barreiro, Angel Fernandez, Manuel Delgado, Felipe Morales, Miguel D. de Doncel, Geronimo Candia, Bias Paez, Eduardo Zarate e Juan José Rivarola.
 

A parte não especifica o ato de traição cometido pelo comandante. Dados disponíveis na Biblioteca Nacional do Paraguai resumem: 

El Mariscal López dijo que se vendió a los brasileños y estigmatizó su memoria. De hecho, algunos autores sostienen que se enamoró de una brasileña y que ella lo vendió a él y a la guarnición.


FONTE: Jornal El Semanário (Assunção,PY) 20 de julho de 1867; Biblioteca Nacional Paraguai (goo.gl/USHgCd)

FOTO: acervo da Biblioteca Nacional do Paraguai.

domingo, 24 de junho de 2018

Pena de morte em Cuiabá




O juiz de Direito de Cuiabá, Antonio José da Silva e Guimarães, profere em 24 de junho de 1835, a sentença aos principais cabecilhas da Rusga, movimento nativista que massacrou comerciantes e líderes portugueses (bicudos) na capital da província em 30 de maio de 1834:

Conformando-se com a decisão dos Juízes de Fato, condeno os réus Vitoriano Gomes, Manoel Ciríaco, José Ferreira da Silva e Francisco Pereira do Nascimento à pena de morte, que será dada na forca, com as solenidades dos artigos 30 e 40 do Código Criminal, visto constar do presente processo plenamente serem os ditos réus os que haviam mortos os brasileiros adotivos os sargentos mores Antonio Joaquim Moreira Serra e Antonio José Soares Guimarães, de caso premeditado, e ânimo corrompido, e depois passaram a roubar as casas, fazendo arrombamentos e partilharam entre si, os mais companheiros, todo o dinheiro, ouro, prata e tudo mais quanto puderam conduzir fazendo violências às casas e às famílias: e aos réus Joaquim Leite Pereira, Joaquim José de Santana, Antonio da Silva Pamplona e João da casa de Ana Joaquina, os condeno em Galés perpétuas, visto que ajudaram mutuamente a perpetração dos roubos e arrombamentos e a Geraldo Justino e Antonio Euzébio os condenei a cada um a quatro anos de prisão com trabalhos e na multa de vinte por cento do valor furtado, visto que somente roubaram; e a José Anastácio Fernandes o absolvo da culpa e pena, visto não ser cúmplice e pagarem todas as custas.


FONTE: Rubens de Mendonça, Histórias das revoluções em Mato-Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1970, página 48.


FOTO: Alencastro, a primeira praça pública de Cuiabá.

domingo, 10 de junho de 2018

Noticia da abolição chega à capital


É publicada, no jornal A Província de Mato Grosso (Cuiabá)  em 10 de junho de 1888, a notícia da abolição da escravatura no Brasil, com a publicação da lei Áurea, sancionada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888:

  

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Explode a Rusga em Cuiabá




Movimento nativista, hostil aos portugueses, também chamados adotivos ou bicudos, surgido com a abdicação de D. Pedro I, atinge o seu ponto máximo de ebulição em Cuiabá e várias cidades do Estado em 30 de maio de 1834:

Pelas ruas até então silenciosas de Cuiabá, propaga-se a anarquia desenfreada, em berreiro macabramente capadoçal, a que se misturavam o sinal de alarma, o estrondo de portas e janelas, que se arrombam a golpes de alavancas e coices de armas, o hino da desordem, os tiros e as deprecações das vítimas.


Rapidamente se espalhou a notícia dos primeiros assassínios e danos materiais causados aos inimigos.


A nevrose arruaceira cedo atingiu ao paroxismo, ganhando alento nas lojas entregues ao saque onde se embebedava a soldadesca viciada.


O atentado inicial contra os adotivos, degenerava em desordem mais grave, a cujos golpes não se forravam os maiores personagens de Cuiabá.
¹


Quatro cabecilhas da Rusga pagaram com a vida sua participação na revolta.

Em 1867, Taunay (autor de livro sobre a Rusga) conheceu em Miranda, Alexandre Manuel de Souza, o Patová, que dirigira “a 30 de maio de 1834, em Miranda, a célebre matança dos portugueses, pelo que fora constrangido a fugir para os lados de Camapuã e Corredor (no sertão entre aquele ponto e Santana do Paranaíba) e lá ficou 30 anos homiziado”.²



FONTE: ¹ Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, XXIV. Página 14; ²Taunay, Em Mato Grosso invadido, Edições Melhoramentos, SP, sd. Página 34.
FOTO: Almanaque  Cuyabá de Cultura Popular.





quinta-feira, 17 de maio de 2018

O nascimento de Eurico Gaspar Dutra






Filho de José Florêncio, combatente da guerra do Paraguai, e Maria Justina Dutra, nasce em Cuiabá, em 18 de maio de 1883, Eurico Gaspar Dutra. Militar e político, foi ministro da Guerra na ditadura de Getúlio Vargas e primeiro presidente da República, eleito depois do Estado Novo.

Batizado em 15 de agosto de 1883, foram seus padrinhos Joaquim Pinto de Souza e Maria Cecília de Souza Menezes, em cerimônia religiosa celebrada pelo cônego Joaquim dos Santos Ferreira, na capela N.S. do Rosário do Coxipó do Ouro.

Iniciou seus estudos em Cuiabá, tendo como primeira professora Bernardina Richie, na Escola Municipal. Ainda na capital de Mato Grosso estudou o Externato São Sebastião e no Liceu Cuiabano, então dirigido pelos padres salesianos. Foi colega do jovem Aquino Correa, mais tarde arcebispo e governador do Estado.

Em 1892, com apenas 16 anos de idade, sem o conhecimento dos pais, alistou-se na tropa do coronel Totó Paes, que disputava o poder com Generoso Ponce, chegando ao posto de sargento.

Reprovado por junta médica em Cuiabá, ingressou na carreira militar, após segunda tentativa, em Corumbá, de onde foi destinado à Escola Preparatória Tática de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul.

Filho de José Florêncio, combatente da guerra do Paraguai, e Maria Justina Dutra, nasce em Cuiabá, em 18 de maio de 1883, Eurico Gaspar Dutra. Militar e político, foi ministro da Guerra na ditadura de Getúlio Vargas e primeiro presidente da República, eleito depois do Estado Novo.

Batizado em 15 de agosto de 1883, foram seus padrinhos Joaquim Pinto de Souza e Maria Cecília de Souza Menezes, em cerimônia religiosa celebrada pelo cônego Joaquim dos Santos Ferreira, na capela N.S. do Rosário do Coxipó do Ouro.

Iniciou seus estudos em Cuiabá, tendo como primeira professora Bernardina Richie, na Escola Municipal. Ainda na capital de Mato Grosso estudou o Externato São Sebastião e no Liceu Cuiabano, então dirigido pelos padres salesianos. Foi colega do jovem Aquino Correa, mais tarde arcebispo e governador do Estado.

Em 1892, com apenas 16 anos de idade, sem o conhecimento dos pais, alistou-se na tropa do coronel Totó Paes, que disputava o poder com Generoso Ponce, chegando ao posto de sargento.

Reprovado por junta médica em Cuiabá, ingressou na carreira militar, após segunda tentativa, em Corumbá, de onde foi destinado à Escola Preparatória Tática de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul.



FONTE: Mauro Renault Leite e Novelli Júnior, Marechal Eurico Gaspar Dutra: o dever da verdade, Editora Nova Fronteira, RJ, 1983, página 12.


FOTO: general Dutra na II Guerra Munidial.



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quarta-feira, 16 de maio de 2018

Começa a derrocada de Totó Paes


Tenente Constantino Paraná,  a polícia contra o governo

Na manhã de 16 de maio de 1906, em Corumbá estoura a revolução cheá, chefiada pelo coronel Generoso Ponce contra o governador Totó Paes, em Cuiabá. O primeiro ataque, encabeçado pelo tenente Clementino Paraná, é contra o quartel da polícia, na rua Santa Tereza, imediatamente submetido. De acordo com os planos pré-estabelecidos, são cortadas as comunicações telegráficas, senha combinada para o desencadeamento das operações nas demais cidades do Estado.

“A população corumbaense - segundo Lécio Gomes de Souza - inclusive senhoras e senhoritas, acolhem efusivamente as notícias dos últimos sucessos e as ruas centrais da cidade regurgitam de povo, trazendo os homens ao pescoço lenços vermelhos e as mulheres, presos aos vestidos, laços de fita da mesma cor, representativa do partido exaltado. A essas manifestações de entusiasmo não se alheiam elementos da guarnição, sem embargo das claras ordens contidas nos regulamentos".


Generoso Ponce chega a Cuiabá no dia 6 de julho, toma a cidade e derruba o governo do cel. Antonio Paes de Barros (Totó Paes).

A primeira revolta de Generoso Ponce ocorreu em janeiro de 1892, quando conseguiu reconduzir ao governo do Estado o advogado Manoel Murtinho, vítima de um golpe conduzido por militares de Corumbá. 


FONTE: Lécio Gomes de Souza, História de Corumbá, edição do autor, Corumbá, sd., página 94.

Força brasileira deixa Uberaba

4 de setembro de 1865 Para dar combate ao Paraguai, cujas forças em dezembro de 1864 invadiram o Sul de Mato Grosso, paulistas e min...