domingo, 5 de janeiro de 2020

Cuiabá festeja independência do Brasil


O povo de Cuiabá, confirmada a proclamação da independência do Brasil, em 7 de setembro do ano anterior, reúne-se em 6 de janeiro de 1823, para festejar o acontecimento do século, com direito a registro nos anais de sua História:

Em 6 de Janeiro a Camara fes cantar na Cathedral d’ esta Cid.e o Hino –Te Deum Laudamus– em acção de graças, e fes publicar trez dias de Luminarias pela Aclamação do Principe Regente, o Imperador Constituicional e Perpetuo Defensor do Brasil, e no dia 22 do dito mes, se ajuntarão na Camara a Ex.ma Junta Governantiva, e mais Cidadãos, Clero, e Povo, q.’ tinhão sido convidados, p.r Edital de 15, para-se manisfestar e declarar a vontade daquellas Respeitaveis Corporaçõens, e Povos, ora presentes, em abundantissimo numero, sobre a Independencia do Brasil, e aclamacão de S.M.I. Elevada a alta e Sublime Dignidade de Imperador do Brasil e seu Defensor Perpetuo, pela Nobre e Leal Cidade ao Rio de Janeiro, e p.r algumas outras Cidades, e Villas d’este vasto Imperio, como constava pelos Diarios daquella Cidade N. 124, 125, – e 126 – datados á 15,- 17, e 19 do mes de Outubro do anno transposto, chegados de proximo a esta Cidade, e com effeito foi expremido, e declarado p.r  votos unanimes, acompanhados d’entusiasmo, e satisfação, q.’ o Povo do Brasil he livre, e Independente, que sua divisa por tanto deve ser, e he = A Independencia, ou morte = que tendo sido esta mesma Independencia, e liberdade, sustentada, Defendida, e Protegida em Gloria, e Proveito d’ este vasto Imperio, pelos Talentos, e Intrepides do Jovem Principe o Snr. D- Pedro d’ Alcântara ja amiassada pelos inimigos declarados d’ este mesmo Imperio, os degenerados Deputados das Cortes de Lisboa, q.’ a seu arbitrio, e com descarada perfidia | Despoticam.e, a querião agrilhoar, e escravisar p.r tanto havia p.r hadotado o Systema, a Heroyca Resolução daquella Nobre, e Sempre Leal Cidade do Rio de Janeiro, e outraz cidades, e Villas das próximas Prov.as, em terem aclamado o Mesmo Augusto Senr.’ D. Pedro d’ Alcântara Imp.or Constitucional do Brasil, e seu Perpetuo Defensor, e q.’ p.r isso, o innaogoravão, reconhecião, e aclamarão Imperador do Brasil, e seu Defensor Perpetuo, como expressa, e Declaradam.e foi confirmado, p.r todos, pela correspondencia, e repetição dos vivas, q.’ forão dados pelo Presidente da Camara o Alferes Jose de Pinto e Asevedo, o q.e aproximando-se a huma Janella da mesma, de pois de desenrolar a bandeira de q.’ usa a Camara, sustentada pelo Vereador transposto o Cap.m Jose Pereira dos Guimarães, e em voses inteligeveis, e claras, e altas, disse-viva a Nossa Santa Religião, viva o Imp.or Constitucional do Brasil, e seu Perpetuo Defensor, Viva a Imperatriz, sua Augusta Esposa, Viva a Augusta Descendencia de Suas Mag.es, Imperiais = Viva a Independencia do Brasil, Viva o Povo do Brasil, findando-se com repetidas vivas dadas p.r immenso Povo, q.’ para as ruas, e praças fronteiras tinha comcorrido, e assignarão a vereança mais de 200 pessoas.


FONTE: Annaes do Senado da Câmara do Cuiabá (1823) 

FOTO: Reprodução. Meramente ilustrativa.



segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Assembleia rejeita cassação do governador





A Assembleia Legislativa de Mato Grosso, em Cuiabá, rejeita em 19 de agosto de 1967, o projeto de resolução de iniciativa de deputados oposicionistas, à frente o deputado Castro Pinto, propondo a cassação do mandato governador Pedro Pedrossian. Apresentado em 18 de fevereiro, o assunto foi alvo de longo debate, envolvendo a classe política e a sociedade mato-grossense, visivelmente contrária à medida. 

Votaram contra a cassação os deputados: da Arena, Afro Stefanini, Cacildo Hugueney, Emanuel Pinheiro, Ivo Cersósimo, João Chama, José Cerveira, José de Freitas, Rene Barbour, Tomaz de Aquino, Valdevino Guimarães e Waldomiro Gomçalves. Do MDB, Agápito Boeira, Altair Brandão e Carlos Medeiros.

Votaram pela cassação: Arena, Augusto Mário, Alexandrino Marques, Celso Amaral,  João de Paula Ribeiro, Milton Figueiredo, Nelson Ramos, Nunes Rocha, Oscar Soares, Reinaldo Moraes, Sebastião Cunha e Ubaldo Barém. Do MDB, Américo Nassif, Cleomenes Nunes e Castro Pinto.

Ausentaram-se os deputados Oliveira Lima (Arena) e Walter de Castro (MDB).


FONTE: Rubens de Mendonça, Historia do Poder Legislativo de Mato Grosso, Assembleia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 428. 



quinta-feira, 27 de junho de 2019

A volta da santa





A imagem de N.S. do Carmo, retirada da capelinha do forte, por ocasião da ocupação paraguaia, em dezembro de 1864, e levada para Cuiabá pela mulher do comandante das forças brasileiras, coronel Portocarrero, é devolvida à origem em 27 de junho de 1874, conforme notícia do jornal:

A trasladação efetua-se com imponência sem igual, sendo a imagem acompanhada desde a praça da Sé à rampa do porto geral, ao longo da rua 13 de Junho, trapizada de folhagens pela população inteira de Cuiabá. As varas de pálio, sob cujo docel ia o venerando bispo d. José Antônio dos Reis conduzindo a imagem, foram sustentadas durante o trajeto por veteranos da guerra. Escolhidos entre os que tomaram parte na defesa de Coimbra.


Logo depois do pálio viam-se em grande uniforme o general José de Miranda da Silva Reis, presidente e comandante das armas da província; o almirante barão de Melgaço, autoridades e comandantes militares. Seguia-se a tropa em pelotões; grupos de colegiais, famílias e crescida multidão fechavam o préstito.




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 332.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Descobrindo o Pantanal


26 de junho

1786 - Missão científica chega a Corumbá



Por ordem do governador Luis de Albuquerque, com a tarefa de mapear e determinar posições geográficas na região do Pantanal, chega a Albuquerque (atual Corumbá) , em 26 de junho de 1786, a comissão técnica formada pelo capitão-engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra e os geógrafos Antonio Pires da Silva Pontes e Francisco José de Lacerda e Almeida. A finalidade da diligência era a exploração dos rios Paraguai, São Lourenço e Cuiabá e a desembocadura de seus afluentes, bem como as principais lagoas e baias do Pantanal. O termo da expedição foi o forte de Coimbra. 

Sobre o vilarejo de Albuquerque o escriba da caravana inseriu comentário pouco lisonjeiro:

26 - Com marcha de 12 léguas chegamos à povoação de Albuquerque, correndo sempre o rio a Sul com várias voltas. Esta povoação é de miseráveis, que passam a vida cheios de fome e nudez; o comandante dela só cuida em utilizar-se do suor deles. Só estão fartos de palmatoadas, correntes e rodas de pau.


FONTE: Francisco José de Lacerda e Almeida, Diário da Viagem, Assembleia Legislativa da Província de São Paulo, 1841, página 29.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Morte aos fanáticos





O juiz de Direito de Cuiabá, Antonio José da Silva e Guimarães, profere em 24 de junho de 1835, a sentença aos principais cabecilhas da Rusga, movimento nativista que massacrou comerciantes e líderes portugueses (bicudos) na capital da província em 30 de maio de 1834:

Conformando-se com a decisão dos Juízes de Fato, condeno os réus Vitoriano Gomes, Manoel Ciríaco, José Ferreira da Silva e Francisco Pereira do Nascimento à pena de morte, que será dada na forca, com as solenidades dos artigos 30 e 40 do Código Criminal, visto constar do presente processo plenamente serem os ditos réus os que haviam mortos os brasileiros adotivos os sargentos mores Antonio Joaquim Moreira Serra e Antonio José Soares Guimarães, de caso premeditado, e ânimo corrompido, e depois passaram a roubar as casas, fazendo arrombamentos e partilharam entre si, os mais companheiros, todo o dinheiro, ouro, prata e tudo mais quanto puderam conduzir fazendo violências às casas e às famílias: e aos réus Joaquim Leite Pereira, Joaquim José de Santana, Antonio da Silva Pamplona e João da casa de Ana Joaquina, os condeno em Galés perpétuas, visto que ajudaram mutuamente a perpetração dos roubos e arrombamentos e a Geraldo Justino e Antonio Euzébio os condenei a cada um a quatro anos de prisão com trabalhos e na multa de vinte por cento do valor furtado, visto que somente roubaram; e a José Anastácio Fernandes o absolvo da culpa e pena, visto não ser cúmplice e pagarem todas as custas.


FONTE: Rubens de Mendonça, Histórias das revoluções em Mato-Grosso, edição do autor, Cuiabá, 1970, página 48.


FOTO: praça Alencastro, a primeira praça pública de Cuiabá.

terça-feira, 18 de junho de 2019

O catequista



Aporta em Cuiabá em 18 de junho de 1894, o padre Antonio Maria Malan. Nascido na Itália, em 16 de dezembro de 1862, em São Pedro, província de Cuneo, Piemonte, foram seus pais Nicola Malan e Margarida Viau. Em 23 de fevereiro de 1883, depois de seu estágio no exército, entrou no Colégio Salesiano de Navarra, na França, ingressando para o noviciado em Marselha em outubro de 1884, onde tomou o hábito sacerdotal a 15 de agosto de 1885, professando os primeiros votos em 2 de outubro do mesmo ano. Clérigo, foi mandado para Montevideu, onde se ordenou sub-diácono em 15 de julho de 1889.

Em Mato Grosso, no tempo do bispo dom Carlos d'Amour, iniciou suas atividades no Colégio São Gonçalo, "centro nuclear de irradiação sempre crescente, a expandir-se por todo o Estado, e, ao depois, as colônias, admiráveis organizações de catequese, a se abrolharem pelos férteis vales do São Lourenço, do Garças e do Barreiro, estendendo o raio de ação civilizadora até as longínquas plagas araguaianas".

Em reconhecimento ao seu trabalho e inúmeros serviços prestados, a Sé galardoou em 1914, com o título de Bispo de Amiso e Prelado do Registro do Araguaia, recebendo a sagração em 15 de agosto desse ano, em São Paulo, das mãos do núncio apostólico monsenhor José Aversa.

Em 1924 foi nomeado para o bispado recém-criado de Petrolina, no Estado de Pernambuco.

FONTE: José de Mesquita, Elogio Fúnebre, revista do Instituto Histórico de Mato Grosso, 1931 e 1932, página 211.
FOTO: Dom Malan, bispo de Petrolina

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Salva por um voto






Italívio Coelho, deputado constituinte de Mato Grosso


Emenda na Constituição, de iniciativa da bancada do Sul, votada em 17 de junho de 1947, previa a mudança da capital, de Cuiabá para outra cidade do Estado em caso de calamidade pública. A emenda foi derrotada por 15 votos a 14, com o voto de minerva do presidente da Assembléia Legislativa.

Votaram a favor da emenda os deputados José Fragelli, Rádio Maia, José Gomes Pedroso, Adjalmo Saldanha, Oclécio Barbosa Martins, Cacildo Arantes, Otacílio Faustino da Silva, Italívio Coelho, Salviano Mendes Fontoura, Audelino F. da Costa Sobrinho, Jary Gomes, Waldir dos Santos Pereira, José Gonçalves de Oliveira e Lício Borralho. Votaram contra André Melchiades de Barros, Clóvis Hugueney, Gervásio Leite, Luis Felipe Pereira Leite, José Henrique Hastenreiter, Guilherme Vitorino, Antonio Ribeiro de Arruda. Rachid J. Mamed, Sebastião de Oliveira, Oátomo Canavarros, Licínio Monteiro da Silva, Benedito Vaz de Figueiredo, Lenine Póvoas e Penn Gomes de Moraes.¹

A proposição de carater visivelmente separatista jogou a opinião pública cuiabana contra os deputados sulistas. “Queriam até nos dar um banho de chafariz lá na praça de Cuiabá”, confessa o constituinte Italívio Coelho, para quem, “entre nós deputados, não havia a intenção de dividir. Os políticos do sul do estado queriam ter igualdade de poder.”²


Depoimento do ex-deputado Salviano Mendes Fontoura ao jornalista Sergio Cruz dá conta que a revolta dos cuiabanos foi tão grande que à véspera da votação vários caixões de defuntos foram ameaçadoramente expostos à entrada da Assembleia Legislativa.



FONTE: ¹Rubens de Mendonça, História do poder legislativo de Mato Grosso, Assembléia Legislativa, Cuiabá, 1967, página 370. ²Maria M.R. de Novis Neves, Relatos políticos, Mariela Editora, Rio, 2001, página 179.

Força brasileira deixa Uberaba

4 de setembro de 1865 Para dar combate ao Paraguai, cujas forças em dezembro de 1864 invadiram o Sul de Mato Grosso, paulistas e min...