domingo, 25 de março de 2018
Libertados escravos do governo de Mato Grosso
Para comemorar o aniversário do juramento da constituição do Império, em 25 de março de 1872, o presidente da província de Mato Grosso, Francisco José Cardoso Júnior, liberta 62 escravos pertencentes ao governo. "O ato foi cercado de grande solenidade - segundo o historiador - e teve lugar no salão nobre do palácio do governo, perante numerosos expectadores e autoridades civis e militares, honrando-o com sua presença o virtuoso bispo d. José Antônio dos Reis".
A notícia foi destaque no jornal A Situação:
Depois do cortejo, no dia 25 de março, e na presença de numeroso auditório, o exmo. sr. Dr. Cardoso Júnior, num eloquente discurso, declarou que ia fazer entrega das cartas de liberdade a todos os escravos do estado existentes na província, em número de 62, - que presentes se achavam -de conformidade com o que dispusera a lei n° 2040, de 28 de setembro do ano p. passado.
S.Exa. convidou o reverendo bispo desta diocese para encarregar-se de conferir, por suas mãos, o título de emancipação a cada uma daquelas criaturas prestes a abrirem os olhos à luz da liberdade. S. Exa. Rvma., depois de alguma hesitação, visto como entendia que a transmissão das cartas competia à primeira autoridade civil e militar da província, acedeu aos desejos manifestados pela presidência - e, lágrimas nos olhos, deu a cada um dos escravos o diploma que os vai introduzir na comunhão social. O ato foi tocante. Os libertos recebendo a carta, beijavam o anel do pastor, e faziam una genuflexão ao retrato do primeiro emancipador da América do Sul - S. M. o senhor D. Pedro II.
Divisam-se em muitos olhos lágrimas, dessas que o coração leva à superfície e que obedecem ou acompanham aos profundos abalos de sentimentos nobres e generosos.
Já não se dirá que o Brasil, isto é, que a Nação, possui um só escravo. Não, perante suas leis, todos são livres - todos são iguais, havendo apenas uma só distinção, a da virtude e da ilustração.
A época que corre é memorável pelos grandes cometimentos, pelas boas reformas, pelos incontestáveis melhoramentos - que, das regiões da ideia, passarão para a dos fatos consumados.
FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, (2a edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 149.
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sexta-feira, 23 de março de 2018
Chega a Cuiabá, notícia do final da guerra do Paraguai
Hermes da Fonseca, autor da boa nova |
Chega a Cuiabá, procedente de Corumbá, em 23 de março de 1870, o vapor Corumbá, com a notícia da morte do marechal Francisco Solano Lopes em 1º de março. A embarcação é portadora ao presidente da província do seguinte ofício:
Comando das forças em operações e da Fronteira do Baixo Paraguai, em Corumbá, 15 de março de 1870. - Ilmo. e Exmo. Sr. - por mim e em nome de todos da força de meu comando, me congratulo com V. Exa., e dou meus parabéns pelo feliz sucesso que coroou o heroísmo e os esforços do Império, lavando a mancha do insulto que um louco lhe atirou em face.O patriotismo inexedível e a heróica pertinácia do primeiro brasileiro, S. M. o Imperador, o valor, a sabedoria, a energia do nosso ínclito Marechal Comandante em Chefe, S. Alteza o Senhor Príncipe Conde d'Eu; a incansável atividade, a resignação do bravo general José Antônio Correa da Câmara e dos seus comandados, concluindo com o monstro sanguinário que assombrou a humanidade em nossos dias depois de tantos séculos, levou o Brasil à altura que lhe compete entre as nações - Deus guarde à V. Exa. - Ilmo. sr. Comendador Luiz da Silva Prado, Digníssimo Vice-presidente da província. - Hermes Ernesto da Fonseca, coronel.
General, no novo regime, Hermes da Fonseca chegaria à presidência da República.
FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, (2a edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 145.
terça-feira, 20 de março de 2018
Rondon reconhece ruínas de povoação espanhola
De sua viagem de Coxim a Rio Negro e Aquidauana, estendendo a rede telegráfica ao Sul do Estado, às margens do rio Aquidauana, a comissão Rondon alcançou em 20 de março de 1902, local que guarda marcas de Santiago de Xerez, povoação construída por jesuítas espanhóis, logo depois do descobrimento do Brasil. Sobre o assunto o sertanista anotou em seu diário:
Passamos pelo local onde deve ter sido Xerez, fundada pelos espanhóis e depois abandonada, por terem estes sido expulsos pelos paulistas e pelos portugueses, vindo a desaparecer, com o correr do tempo, a cidade que talvez tivesse encerrado grandes riquezas acumuladas pelos jesuítas. Daí a lenda de que, não podendo levar seus tesouros, deixaram-nos enterrados junto ao córrego, inclusive um grande Cristo de ouro, em tamanho natural. Na serra próxima se encontrava ouro, em um veeiro antigamente explorado.
FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio de Janeiro, 1969, página 150.
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domingo, 18 de março de 2018
A primeira capital de Mato Grosso
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Às margens do rio Guaporé, em 19 de março de 1752, é lido o alvará do rei de Portugal, mandando ao primeiro governador da província de Mato Grosso e Cuiabá, Rolim de Moura, erigir uma vila para instalação da capital. "E logo pelo dito Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Governador e Capitão Geral foi declarado que a dita nova vila teria o nome de Vila Bela da Santíssima Trindade a quem dedicaria a Igreja Matriz dela; que em reverência da mesma trindade santíssima simbolicamente teria por armas em meio de um escudo branco com dois círculos, um encarnado e outro azul, uma ave com corpo e cabeça do meio de águia, a do lado esquerdo de pomba e a do lado direito de pelicano ferindo o peito; e que estas mesmas armas poria a Câmara no seu estandarte por detrás das armas reais, enquanto sua majestade não mandasse o contrário".
Somente em 8 de agosto de 1835, a capital seria mudada para Cuiabá, primeira cidade do Estado.
FONTE: Virgílio Correa Filho, História de Mato Grosso, Fundação Julio Campos, Varzea Grande, 1994, página 357.
FOTO: Ruínas de Vila Bela da Santíssima Trindade, a primeira capital de Mato Grosso.
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domingo, 11 de março de 2018
Paraguaios libertam escravos brasileiros
Jornal
oficial do governo paraguaio publica em 11 de março de 1865, notícia anunciando
a libertação de escravos brasileiros, na Corumbá ocupada desde o início do ano:
O Taquari conduz a bordo uma infinidade de negros escravos que jaziam em poder se seus amos, baixo ao chicote e a miséria em Corumbá; as armas vitoriosas do Paraguai sobre as hostes do Brasil, tem contribuído para deixar abandonados de seus amos estes seres desgraçados, que se encontraram quase mortos fome pelos desertos e montanhas, de onde foram recolhidos por nossos soldados e conduzidos a esta; estão em completa liberdade. Eles estão distribuídos em diferentes estabelecimentos trabalhando para si, alegres e prazerosos de tão inesperado bem que acabam de receber, que é a liberdade.¹
Ocupado
em libertar negros escravos no Brasil, o Paraguai somente viria a abolir
oficialmente a escravatura em seu território em 2 de outubro de 1869. De sua
pequena população submetida à escravidão, a maioria esmagadora foi recrutada
para a guerra. A abolição não chegou a beneficiar 500 negros. Os demais
estavam em campos de batalha.²
FONTE: ¹Jornal El Semanario, (Assunção PY), 11 de março de 1865. ²Paraguai Teete.
sábado, 10 de março de 2018
Taunay vive romance com índia chané
A
comissão de engenheiros da força expedicionária, à frente das tropas
estacionadas em Coxim, completa a subida da serra de Maracaju em 11 de março
de 1866. O tenente Taunay, integrante do grupo conta como foi a chegada e
permanência nos Morros:
No dia 11 de março, depois da subida, em extremo pitoresca, da serra de Maracaju, toda cheia de enormes lajes e pedras soltas, subida que descrevi nas Narrativas Militares e em que meu burro Paysandu se portou admiravelmente, chegamos ao alto, ao pouso dos refugiados da vila e do distrito de Miranda, que tinham ali ido ocultar-se desde fins de janeiro de 1865, por ocasião da invasão paraguaia.
Chamava-se o local Morros e compunha-se de dois verdadeiros acampamentos, um de João Pacheco de Almeida, em cuja casa nos hospedamos, e outro, a meia légua de distância, conhecido por Chico Dias, velho indiático de alguma influência.
Nos
morros, onde as forças brasileiras permaneceram até julho, antes de seguirem
para Miranda, o jovem Taunay, mantém um romance com "Antonia uma bela
rapariga da tribo chooronó (guaná propriamente dita) e da nação chané,
descrita pelo autor de Inocência, como muito "bem feita, com pés e
mãos regularmente pequenos e mimosos, cintura naturalmente acentuada e fina,
moça de quinze para dezesseis anos de idade, tinha um rosto oval, cútis fina,
tez mais morena desmaiada do que acaboclada, corada até levemente nas faces,
olhos grandes, rasgados, negros cintilantes, boca bonita ornada de dentes
cortados em ponta, à maneira dos felinos, cabelos negros, bastos, muito
compridos, mas um tanto ásperos".
Para
tê-la, além de seu consentimento, agraciado com um colar de contas de ouro, que
comprara em Uberaba por "quarenta ou cinquenta mil réis", Taunay teve
que pagar ao pai dela uma espécie de dote: um saco de feijão, outro de milho,
dois alqueires de arroz, uma vaca para corte e um boi montaria, "o que
tudo importava, naquelas alturas e pelos preços correntes, nuns cento e vinte
mil réis".
O pouco
tempo de convivência do casal foi eternizado nas memórias do autor:
A bela
Antônia apegou-se logo a mim e ainda mais eu a ela me apeguei. Em tudo lhe
achava graça, especialmente no modo ingênuo de dizer as coisas e na elegância
inata dos gestos e movimentos. Embelezei-me de todo por esta amável rapariga e
sem resistência me entreguei exclusivamente ao sentimento forte, demasiado
forte que em mim nasceu. Passei, pois, ao seu lado dias descuidosos e bem
felizes, desejando de coração que muito tempo decorresse antes que me visse
constrangido a voltar às agitações do mundo, de que me achava tão separado e
alheio.
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