Nioaque antiga. Uma cidade com as marcas da guerra |
De Miranda onde estavam acampadas desde o início do ano anterior, as tropas brasileiras de reocupação da fronteira chegam a Nioaque em ruínas, em 24 de janeiro de 1867, sob o comando do coronel Camisão. A chegada e os primeiros dias na vila são detalhados pelo tenente Taunay, do corpo de engenharia:
Ali chegamos às 11 horas de 24 de janeiro de 1867, acampando, em ordem de batalha, com a direita encostada à margem direita de Nioac; e a esquerda à mata de Orumbeva. Instalaram-se o quartel general e o trem à retaguarda, no local da vila, ocupando o hospital as pequenas casas salvas do fogo e um grande galpão que às pressas se construiu.
Serviu a nave da igreja – de onde se retirara tudo quanto ainda havia de símbolos do culto – de depósito ao cartuchame e a todas as munições.
Ergueram-se, de todos os lados, ranchos de palha, gurbis como lhes chamam na Argélia, e, dentro em pouco, oficiais e soldados ali se acharam tão bem instalados quanto as circunstâncias o permitiam. Um bem-estar, desde vários meses ausente, o renovamento da existência, um sentimento de plenitude de vida a todos nós exaltava, e em todos se transmutava na ânsia de sobressair, graças a algum brilhante feito d’armas que chamasse a atenção do país para uma expedição desde muito inativa. Reinavam no acampamento a esperança e a alegria.
FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, (16a. edição brasileira) Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 37.
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